ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA
SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 15.03.1999
Aos quinze dias do mês de
março do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Elói
Guimarães, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio
Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, João Verle, Lauro Hagemann, Luiz Braz,
Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sônia Santos e Tereza Franco.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da
Oitava Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, o Pedido de Informações nº 24/99 (Processo nº
808/99); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 02 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Informações nº 23/99 (Processo nº
806/99); pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Gilberto Batista, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Hélio
Corbellini, o Projeto de Lei do Legislativo nº 13/99 (Processo nº 722/99); pelo
Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 09/99 (Processo nº
670/99); pelo Vereador João Carlos Nedel, 06 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Sônia
Santos, 01 Pedido de Providências. Ainda, foram apregoados Requerimentos dos
Vereadores Eliseu Sabino e Jocelin Azambuja, deferidos pelo Senhor Presidente,
solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 177/98 (Processo
nº 3433/98) e do Projeto de Lei Complementar do Legislativo 21/97 (Processo nº
2584/97), respectivamente. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 109/99, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre; Impressos da Associação dos Servidores de
Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul - ASCAM, divulgando o Ciclo de Estudos
I/99 e encaminhando informativo com calendário de eventos para o ano de mil
novecentos e noventa e nove. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a
palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Marco Aurélio Gomes, Presidente da
Associação do Parque das Orquídeas, que discorreu sobre o atendimento oferecido
à comunidade pelo Posto de Saúde da Vila Safira Velha, defendendo a atuação dos
funcionários desse posto e declarando que os mesmos não possuem
responsabilidade sobre eventuais deficiências nos serviços oferecidos à
população. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença de
dirigentes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Luiz Braz, reportando-se ao discurso do Senhor Marco Aurélio
Gomes, destacou a necessidade de maior comprometimento do movimento comunitário
com a população que abrange, tecendo comentários acerca da legalidade dos atos
praticados pelos Senhores Vereadores durante visita ao Posto de Saúde da Vila
Safira Velha. O Vereador João Dib analisou os limites da competência e das
atribuições da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa no que se refere ao
recebimento de denúncias e averiguação da veracidade dos fatos, salientando a
importância de que o objetivo maior seja o de auxiliar e defender os interesses
da comunidade porto-alegrense. O Vereador Carlos Alberto Garcia, após registrar
a passagem do Dia do Consumidor, manifestou-se sobre a ocorrência de aumentos
nos preços do comércio da Cidade, relatando situações observadas quanto aos
ingressos dos jogos de futebol e propugnando por maior mobilização da sociedade
no combate ao aumento abusivo de preços. Na oportunidade, o Senhor Presidente
registrou a presença do Secretário Estadual de Planejamento e Urbanização,
Senhor Clovis Ilgenfritz da Silva. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram:
em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/99, discutido
pelos Vereadores Renato Guimarães, Reginaldo Pujol e Antônio Losada, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 10, 12 e 08/99, este discutido pelo Vereador
Carlos Alberto Garcia, o Projeto de Lei do Executivo nº 02/99, este discutido
pelo Vereador João Dib; em 3ª Sessão; os Projetos de Lei do Legislativo nºs
07/99 e 182/98, os Projetos de Resolução nºs 07/99 e 12/98, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 01/99, este discutido pelo Vereador Renato
Guimarães. Na ocasião, nos termos do artigo 194 do Regimento, o Senhor
Presidente concedeu a palavra em TEMPO ESPECIAL ao Vereador José Valdir, que
procedeu a relato de sua viagem à Johannesburg, África do Sul, em representação
externa deste Legislativo no Encontro Preparatório ao Tribunal da África, no
período de vinte e sete de fevereiro a primeiro de março do corrente. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa, reportando-se ao tema hoje
abordado em Tribuna Popular, discorreu sobre o funcionamento do Projeto Saúde
da Família nos Postos de Saúde da Capital. Também, referiu-se à falta de energia
elétrica em diversos estados brasileiros, ocorrida no dia onze de março do
corrente, afirmando a existência de equívocos no gerenciamento do sistema
elétrico nacional. O Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se sobre o trabalho
realizado em postos de saúde de bairros de Porto Alegre. Criticou o Executivo
Municipal, propugnando por maior atenção e respeito às atividades realizadas
por este Legislativo, bem como pela defesa da ampla fiscalização por parte dos
Vereadores das atividades veiculadas à área da saúde. Na ocasião o Vereador
João Motta, através de Questão de Ordem, retificou a localização de postos de
saúde mencionados no discurso do Vereador Cláudio Sebenelo, recebendo a
concordância do Orador. Ainda, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores
João Motta, Cláudio Sebenelo e Guilherme Barbosa, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos quanto ao artigo 142 do Regimento. Também, registrou a presença
dos ex-Vereadores Wilton Araújo e Jaques Machado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Fernando Záchia comentou as atribuições dos Senhores Vereadores na
busca do auxílio das comunidades porto-alegrenses, manifestando-se
favoravelmente à visita efetuada ao Posto de Saúde da Vila Safira Velha por
Vereadores integrantes da COSMAM. Ainda, teceu críticas ao Executivo Municipal
pelo atraso no envio de respostas a Pedidos de Informação encaminhados pela
Casa. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a
ORDEM DO DIA e o Vereador Nereu D'Ávila, como Presidente deste Legislativo,
procedeu à leitura de Ofício enviado por Sua Excelência a todos os Senhores
Vereadores, relativo à alteração dos valores das cotas de mimeografia e
material de expediente, tendo o Vereador Pedro Américo Leal manifestado-se a
respeito. Ainda, face a Requerimento do Vereador Cláudio Sebenelo e
manifestações dos Vereadores José Valdir e Luiz Braz, o Senhor Presidente
prestou informações a respeito deste Ofício e sobre a execução das obras de instalação
do sistema de sonorização nos gabinetes dos Senhores Vereadores. Foi aprovado
Requerimento da Vereadora Annamaria Gularte, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Na ocasião,
face questionamento do Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou informações
a respeito do Requerimento acima mencionado. Em Discussão Geral e Votação
Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 127/96, considerando-se
rejeitado o Veto Total a ele aposto, por vinte e um votos SIM e doze votos NÃO,
após ser discutido pelos Vereadores Elói Guimarães, Helena Bonumá, Juarez
Pinheiro, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa, Cláudio
Sebenelo, João Carlos Nedel, Luiz Braz, João Dib, Carlos Alberto Garcia e Isaac
Ainhorn e encaminhado à votação pelos Vereadores Elói Guimarães, Juarez
Pinheiro e Antonio Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt,
Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, João Dib, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco e
Gilberto Batista e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini,
Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Motta, João Verle, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei e Renato Guimarães, tendo apresentado
Declaração de Voto o Vereador Adeli Sell. Durante a apreciação do Projeto de
Lei do Legislativo nº 127/96, os Vereadores Paulo Brum e João Bosco Vaz cederam
seus tempos de discussão ao Vereador Elói Guimarães e o Senhor Presidente, face
Questões de Ordem formuladas pelo Vereador João Dib, prestou informações a
respeito da tramitação deste Projeto. Em Discussão Geral e Votação Nominal,
esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 45/97, com Veto Total, que teve sua
discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, do Vereador Paulo
Brum. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do
Legislativo nº 66/97, com Veto Total, que, após ser discutido pelos Vereadores
Reginaldo Pujol e Cyro Martini, tendo o Vereador Fernando Záchia cedido seu
tempo de discussão ao Vereador Reginaldo Pujol, teve sua discussão suspensa
face à inexistência de "quorum". Às dezoito horas e cinco minutos,
constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Adeli
Sell e secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à
O
Sr. Marco Aurélio Gomes, representando a Associação do Parque das Orquídeas,
está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. MARCO AURÉLIO GOMES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores, venho representando a Associação Parque das Orquídeas, como
Presidente e como morador do Bairro Mário Quintana. Algumas semanas atrás,
quando a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, por acusação de alguém
aqui, foi até o posto de saúde da Vila Safira Velha, foi dito desta tribuna que
a Comissão havia sido barrada. A Comissão não foi barrada. Eles entraram no
posto de saúde, só não entraram no consultório médico, porque o médico estava
atendendo, e dentro da sala onde fica a enfermeira-chefe.
Se
existe uma acusação, por que a pessoa que acusou não teve o caráter de
acompanhar essa Comissão? A Comissão de Saúde da Câmara está convidada a
visitar todos os postos de saúde, não só da Safira, não só do Bairro Mário
Quintana, mas todos os que existem em Porto Alegre. Sabemos que a saúde está um
caos. A saúde não é o médico, a saúde é a assistência social, é o saneamento
básico, é o mínimo de dignidade para se viver. Os funcionários do posto não têm
que conhecer Lei Orgânica, como foi dito desta tribuna. A enfermeira do posto
pertence ao regime CLT; não é funcionária pública. A região Nordeste é uma das
mais carentes das dezesseis regiões de Porto Alegre e uma das que mais
necessita de infra-estrutura, como saneamento básico, escola, posto de saúde,
funcionários para o posto de saúde. O posto de saúde da Safira Velha, que
atende sete mil e duzentas pessoas, só comporta duas mil e quinhentas pessoas.
Então, os postos de saúde estão saturados. O posto da Chácara da Fumaça, por
exemplo, atende quase dezesseis mil pessoas.
Eu
pergunto aos Srs. Vereadores: não é mais fácil dividir com a população o que
interessa a ela, em termos de melhoria, para depois acusar? Os funcionários dos
postos de saúde não têm culpa dos problemas que acontecem na saúde. O único
culpado pode ser o governo, tanto federal quanto estadual e municipal. Aqui
nesta Câmara foram pedidas emendas ao Plano Diretor, e vários Vereadores
apresentaram emendas. Seria muito mais prático que todos os Vereadores
apresentassem uma só emenda beneficiando a saúde. É isso que a comunidade
pensa! A gente respeita a opinião das pessoas e pede que as nossas opiniões
sejam respeitadas! Nós somos eleitores, nós pagamos contas, nós queremos um
pouco mais de dignidade para com as pessoas e para com os funcionários que
trabalham nos postos de saúde, não só da Vila Safira Velha, mas em todos os
postos de saúde de Porto Alegre!
É
muito fácil fazer acusações. E a gente, quando faz acusações - e algumas vezes,
quando fizemos acusação, procuramos a CUTHAB -, sustenta as acusações. Não
estou defendendo nenhuma secretaria do Município, nem brigo com secretaria. A
gente apenas conversa para chegar a um entendimento. É a maneira comunitária de
trabalhar. E nós gostaríamos que nossas opiniões fossem respeitadas por todos
os Vereadores, seja qual for o partido. Temos opiniões, sim, e gostaríamos que
elas fossem respeitadas.
No
Bairro Mário Quintana existe uma comissão de saúde, a CLIS 2, e ela tem feito o
possível e o impossível para tentar resolver os problemas das comunidades, não
só de uma, mas de todas as comunidades que pegam o eixo Baltazar-Norte, que são
vários postos de saúde.
A
Região gostaria que a Comissão da Câmara marcasse uma reunião com a nossa
Comissão de Saúde para discutirmos os problemas existentes, que seria o meio
mais fácil de entendermos e sanearmos os problemas que existem em todos os
postos de saúde. O Safira Velha é um posto pequeno, e seus funcionários fazem o
possível e o impossível para atender toda aquela comunidade, inclusive os
índios que estão na Vila Progresso - que deveriam ser cuidados pelo Governo
Federal, pois eles são amparados por ele. O Governo Federal nada faz, e disso
ninguém fala. Agora, acusar uma pessoa que doa parte de sua vida para o posto
de saúde, uma pessoa íntegra, enlamear o seu nome, não fica bem. Falta
hombridade a essa pessoa que fez a acusação. Se ela fosse uma pessoa íntegra,
estaria junto com a Comissão de Saúde.
Por
fim, e aproveitando que vim conhecer agora a Comissão de Saúde, quando saiu a
notícia no Correio, saiu na mídia, pergunto: por que a Comissão não vai quando
tem pessoas passando necessidade nos bairros, principalmente na Região
Nordeste, onde deveriam aparecer sempre? As comissões de saúde que existem na
Câmara e na Assembléia Legislativa deveriam aparecer nas horas em que
necessitamos delas, não somente quando há acusações.
Acusação,
torno a dizer, é fácil, muito fácil fazer, mas sobre resolver os problemas ou
indicar um caminho a ser tomado pela população, não foi dito nada.
Trago
a ata de uma reunião, realizada após esse fato, cuja cópia passarei ao
Presidente da Mesa, onde todos os moradores que freqüentam o posto de saúde
manifestam-se em favor dos funcionários daquele posto. Não defendo e não acuso
secretaria, pois quem tem que resolver os problemas somos nós; secretaria faz
apenas o repasse. Há pessoas que estão sentadas atrás de uma mesa e, muitas
vezes, não sabem os problemas da população e também não procuram sabê-los. O
problema começou, há algum tempo, na Timbaúva II e, agora, querem pegar o posto
de saúde da Safira Velha. Existe um ponto de interrogação: por que essa
comissão e as comissões da Câmara de Vereadores não tomam atitudes e procuram
as comissões que há na região e as associações para um debate, para conversar
com a população?
Torno
a dizer que os funcionários do posto de saúde não têm que ouvir e não podem ser
jogados a uma mídia hipócrita, já que estão apenas em função dos trabalhadores
e em função de toda a região, principalmente da Safira Velha, fazendo seu
serviço com dignidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Convidamos o Sr. Marco Aurélio Gomes,
Presidente da Associação do Parque das Orquídeas, para fazer parte da Mesa.
Registramos
a presença dos dirigentes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, que
acompanham esta Sessão.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR.
LUIZ BRAZ: Ver. Adeli Sell, no exercício da Presidência; Sras. Vereadoras,
Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Eu sempre denunciei, aqui, o perigo de o
movimento comunitário estar cabresteado. Nós não temos, na verdade, um
movimento comunitário comprometido com os interesses da comunidade. A
comunidade está completamente à deriva, está abandonada. Os líderes da
comunidade, que deveriam defender os interesses de onde eles moram, defendem os
seus próprios interesses, cabresteados que são pelo partido que está no poder.
Esse é o movimento comunitário!
Resumindo:
há um líder dessa estatura que vem a esta tribuna para acusar, fazer acusações
fáceis a Vereadores que estavam trabalhando, fiscalizando, cumprindo com o seu
dever. Todos eles, com toda a dignidade, fazendo aquilo que manda a Lei
Orgânica do Município!
Não
há uma só liderança comunitária, que aja com dignidade, que possa acusar os
Vereadores da Comissão de Saúde, presidida pela Vera. Sônia Santos, de estar,
naquele momento, fazendo alguma ação indevida. Nós estávamos lá atendendo a uma
denúncia, e a denúncia fazia parte dos interesses da comunidade. Não existiam
médicos; o atendimento era malfeito, ou é malfeito. Mas essa não é a
preocupação da liderança da Vila Safira. Não! A preocupação dele é com o
emprego que ele tem junto ao Município, com as vantagens que ele tem junto ao
Município! Isso é o que o está preocupando! Quando a Comissão chegou lá no
posto da Vila Safira, os Vereadores todos sabem, Ver Pedro Américo Leal, Vera.
Sônia Santos, a assessoria toda da Comissão de Saúde, que a funcionária - é
claro que não por vontade dela, mas porque seguia ordens da Secretaria, e ela
declarou isso à Comissão - impediu que a Comissão fizesse o seu papel de fiscalizar.
Ou não quer, esse boneco da Administração, que nós estejamos lá cumprindo com a
nossa missão? Os Vereadores desta Casa foram atingidos, foram atingidos também
os Vereadores da Comissão de Saúde desta Casa. E por serem atingidos de maneira
vil, eu sou obrigado a vir a esta tribuna porque faço parte desta Comissão.
Toda a minha vida procurei fazer um trabalho que pudesse orgulhar a minha
família e não vou deixar que ninguém venha a esta tribuna fazer acusações que
não possa comprovar.
Eu
estava lá trabalhando, atendendo a uma denúncia, não estava lá fazendo alguma
coisa que pudesse me envergonhar. Eu sou um cidadão de Porto Alegre e os
Vereadores desta Casa também o são, e é o Partido de V. Exa., que cabresteia o
movimento popular. V. Exa. deveria se envergonhar de pertencer a esse Partido
que está cabresteando o movimento popular, que faz esse movimento ficar
resumido a essa insignificância. Não pode, de forma alguma, o movimento popular
falar em defesa da comunidade hoje. O movimento popular não fala mais em defesa
da comunidade, porque vocês atrelaram os líderes comunitários. Eu quero fazer
um convite às lideranças comunitárias que vêm aqui: vamos caminhar no meio da
população para lhe fazermos perguntas para saber se está sendo bem atendida.
Vamos lá, eu estou disposto sempre, porque não me envergonho das ações que
tenho. O meu trabalho, Vereador, sempre foi correto.
A
Liderança do PT, de forma incorreta e ilegítima, me aparteia e estou vendo que
não recebe nenhum tipo de correção por parte da Presidência da Casa.
Eu
solicito ao Presidente da Casa que esses apartes que são dados com constância,
de forma ilegal, sejam proibidos. Eu não vi nenhum aparte ser dado antes,
quando a Câmara estava sendo atingida aqui, quando os Vereadores foram chamados
de indignos, quando a Comissão de Saúde foi atingida no trabalho que estava
sendo realizado. Não vi nenhuma Liderança do PT vir aqui a esta tribuna para
falar absolutamente nada. Aí, tudo era válido. Mas quando aqueles que são
atrelados ao PT vêm aqui, aí não, aí tudo bem, faz o jogo do partido que está
na situação, isso é muito bom. É bom que a Casa seja achincalhada, excelente
para o PT que todos os Vereadores sejam achincalhados, que todos pensem que os
Vereadores aqui não tem dignidade. Para a Bancada da situação é excelente isso.
Olha, com este pensamento, eu fico olhando para V. Exas. e vejo que existe
muita indignidade na ação que V. Exas. fazem para continuar no poder há tanto
tempo nesta Cidade.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Para uma Comunicação de Líder, pelo PPB,
tem a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Bancada do PT não me surpreendeu, em absoluto. É a mesma Bancada que votou
contrariamente a uma moção de repúdio à declaração de uma Deputada petista, que
disse que os Vereadores desta Casa são corruptos. O PT todo votou contra a
moção. É a mesma Bancada - dizendo que a declaração foi produzida no Gabinete
do Prefeito, quando o Prefeito disse que os Vereadores eram dispensáveis, porque
o Orçamento Participativo é quem trabalhava - que votou contra esta moção.
Mas,
meu caro Marco Aurélio Gomes, tenho profundo respeito por todas as pessoas.
Sempre disse desta tribuna, e vou repetir: um dos grandes males deste País são
aqueles que falam do que não entendem. O segundo mal são aqueles que dão o que
não é seu. Mas, vamos aos que falam do que não entendem: em primeiro lugar, o
senhor disse aqui, com algumas palavras, mas claramente, que os Vereadores
mentiram. É grave. Mas o senhor disse também que a coitada da funcionária não
tem que conhecer a Lei Orgânica. O Senhor está equivocado. Primeiro, porque
ninguém falou contra os funcionários, cabia ao Secretário Municipal da Saúde
tomar as providências para que fossem atendidas as pessoas no posto de saúde de
forma correta.
Quando
eu era Prefeito, a Câmara foi ao Conselho Municipal de Transporte e seu
Presidente, que era Procurador do Município, não permitiu a entrada dos
Vereadores. Eu o demiti na mesma hora, porque deve haver respeito entre Legislativo
e Executivo e não há respeito de parte do Executivo para o Legislativo.
O
senhor disse que a funcionária não tinha que conhecer a Lei Orgânica, mas o
senhor sabe, como um cidadão educado, razoavelmente culto, que representa uma
Associação, que o cidadão não pode dizer que desconhece a Lei. Mas um cidadão
que está dirigindo um setor público, esse muito menos pode dizer que desconhece
a Lei Orgânica. E a Lei Orgânica é clara, precisa e concisa: Vereador entra a
hora que quer para acompanhar o serviço público e, especialmente, para defender
a comunidade, como fez a Comissão de Saúde por três de seus membros. Foram
defender a comunidade e foram ver se as acusações feitas eram verdadeiras ou
não.
Depois
o senhor disse que esta senhora não era funcionária do quadro do Município.
Então tem que me explicar como é que tem funcionária CLT na saúde trabalhando
naquele posto de saúde, porque é contra a Lei, não pode no Município acontecer
isso. O senhor teria que explicar.
O
senhor falou no Governo Estadual e no Governo Federal. O senhor sabe quanto é
que o Governo Federal dá para cada cidadão porto-alegrense ter saúde? Para cada
cidadão 200 reais e a Prefeitura coloca mais 60. O Governo Federal dá R$ 260
milhões por ano e a Prefeitura não coloca no orçamento. E o senhor vem aqui
falando mal de todo mundo, menos daqueles que administram mal o dinheiro. Mas o
senhor não sabe, é claro, que o Secretário da Saúde deveria vir a cada três
meses, aqui, prestar contas dos R$ 260 milhões. E não fez nenhuma vez, nem foi
convocado. Aliás, quando quiseram convocar, a Bancada do PT posicionou-se
contrariamente. Não é surpresa que procedam da forma que procedem.
Ninguém
acusou os funcionários, os Vereadores são muito sensíveis. Homem público deve
ter sensibilidade e capacidade de resposta. Os Vereadores da Comissão que foram
lá, foram para ajudar a comunidade. Se estivesse tudo certo, eles diriam que
estava tudo certo e que a pessoa que denunciou se equivocou. Vereador não vai
lá para criar problemas para a Administração, e a Administração tenta, muitas
vezes, criar problemas para o Legislativo, e tenta todos os dias. Na Pauta de
hoje já tem um processo, que será discutido, onde o Prefeito desrespeita também
a Lei Orgânica. Agora, o Vereador é o fiscal da Lei Orgânica, é o dever e poder
de fiscalizar, mas antes de poder é dever. Nós temos que fiscalizar, e é por
isso, Sr. Marco Aurélio Gomes, pode ter certeza, que a Comissão de Saúde foi lá
para ajudar, e não para criar problemas. As informações que lhe deram, de parte
do Executivo Municipal, de parte do posto de saúde, não foram corretas, e o
próprio Secretário de Saúde, quando escreveu pedindo desculpas, mostrava que
não sabia bem o que faz. Por isso eu digo que um dos grande problemas País são
os que falam do que não entendem. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Prezado Secretário do Planejamento, Sr. Clovis Ilgenfritz, hoje, Dia Mundial do
Consumidor, faz nove anos da vigência do Código de Defesa do Consumidor. Nos
últimos trinta dias estamos entregando à população de Porto Alegre uma carta
aberta “Diga ‘Não’ aos aumentos abusivos”, e no dia de hoje ocupamos esta
tribuna para apelarmos à Direção do Esporte Clube Internacional e à Direção do
Grêmio Foot-Ball Porto-alegrense.
Na
próxima quarta-feira será realizado um Grenal. Justamente na hora do lazer, da
recreação do povo com o futebol, não conseguimos entender por que as direções
querem aumentar os preços em 50%. De 10 reais, na quarta-feira passará para 15
reais. Achamos que isso é altamente abusivo e conclamamos os Presidentes do
Grêmio e do Internacional e o Presidente da Federação Gaúcha de Futebol para
que retomem, notifiquem e informem à população da nossa Cidade e do nosso
Estado que o preço dos ingressos manter-se-á em 10 reais e não em 15 reais,
porque 50% é um aumento abusivo. E prego aqui aos que gostam do esporte, que
pelo preço de quinze reais não devem ir ao Grenal e sim deixar o estádio vazio,
porque esse aumento é abusivo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Gostaria de registrar a presença do nosso
querido Secretário de Estado, Ver. Clovis Ilgenfritz. Seja bem-vindo; a Casa é
sempre sua.
Passamos
à
1ª SESSÃO
PROC.
0734/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/99, que altera as disposições da Lei
Complementar nº 242, de 22 de janeiro de 1991, que disciplina a Concessão do
Direito Real de Uso aos ocupantes de áreas de propriedade do Poder Público
Municipal e dá outras providências.
PROC.
0669/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 008/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto
Garcia, que institui, no Município de Porto Alegre, o Dia do Profissional de
Educação Física e dá outras providências.
PROC.
0675/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/99, de autoria do Ver. Antônio Losada, que
denomina Rua Rubens Souza de Oliveira um logradouro irregular localizado no
Bairro Cristal.
PROC. 0712/99 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/99,
de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui o Dia Municipal do Zelador de
Condomínios Residenciais e Comerciais no Município de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC. 0733/99 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 002/99,
que altera a redação do art. 6º da Lei nº 2312, de 15 de dezembro de 1961, que
criou o Departamento Municipal de Água e Esgotos.
3ª SESSÃO
PROC.
0594/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 007/99, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que incumbe ao Sindicato dos Taxistas Autônomos de Porto Alegre a
responsabilidade pela confecção e distribuição de materiais obrigatórios aos
taxistas da Capital.
PROC.
0625/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 007/99, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que confere à Senhora
Elma Nunes Sant`Ana o Prêmio Tradicionalista Glaucus Saraiva.
PROC.
3510/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 182/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja,
que determina a inclusão da expressão “Aprovado pela Câmara Municipal de Porto
Alegre” em todo material de divulgação de obras realizadas pelo Poder
Executivo.
PROC.
0813/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 012/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede o prêmio
literário “Érico Veríssimo” ao bibliógrafo Pedro Leite Villas-Bôas. Urgência.
PROC.
0269/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/99, de autoria do Ver. Cyro Martini, que
autoriza o Poder Executivo do Município a criar o Conselho Municipal do Idoso e
dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Pauta de hoje há um Projeto de Lei que eu entendo ser um desrespeito mais uma
vez do Executivo para com o Legislativo Municipal. O Prefeito de Porto Alegre
quer colocar na Direção-Geral do DMAE um servidor do Departamento de Limpeza
Urbana, que não tem nada a ver com o DMAE. O Sr. Prefeito sabe que é necessário
ser engenheiro civil ou engenheiro sanitarista para ser Diretor do DMAE. O Prefeito
afronta esta Câmara mandando um Projeto de Lei alterando, dizendo que qualquer
pessoa de nível superior pode ser diretor.
O
Ver. Guilherme Barbosa me ofereceu um parecer - eu não tenho em mãos, já
solicitei um “xerox” - encomendado à Procuradoria do DMAE, na época em que S.
Exa. era o Diretor-Geral, e o Procurador do DMAE disse que pode ser, pensando
que não é o titular. Só o titular deve ter a condição de engenheiro sanitarista
ou civil, porque se o legislador quisesse diria: de quem substituir o titular.
Uma lei não se faz para o substituto eventual. Sabemos que para dirigir o DMAE
deve ser um engenheiro civil ou sanitarista. Sobre isso não temos dúvidas. O
próprio Procurador do DMAE disse isso, só que ele pensou que seria no caso de
não ser o titular. Não foi o Prefeito que nomeou um substituto para o
Diretor-Geral, foi este que saiu e que está lá na CORSAN agora, Dr. Dieter
Wartchow, pessoa extremamente simpática, correta, inclusive eu gosto dele, mas
errou nesse caso, porque ele não poderia ter feito um ato nomeando para
diretor-geral substituto alguém que não preenche as condições para ser um
diretor-geral titular. É um caso de bom senso, porque ele está investido na
condição de Diretor-Geral do DMAE, porque pratica todos os atos que um
diretor-geral pode praticar, ele não tem as condições para ser Diretor-Geral do
DMAE, tanto que o Prefeito manda um Projeto de Lei, tentando acomodar a
situação.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Se o Prefeito manda um Projeto para a Câmara, não há nesse caso
nenhuma afronta.
Em
segundo lugar, esse Parecer que era de 1989 - inclusive eu não lembrava dele -,
na época em que era titular, foi elaborado e prolatado por um Procurador
concursado, do Departamento, já o encontrei lá, e ele não tem nenhuma
vinculação política conosco. Portanto, um Parecer técnico que baseia claramente
que se não for titular, pode ser qualquer técnico de nível superior. É nisso
que estamos nos baseando. Por isso é que foi nomeado alguém que não é engenheiro
civil ou sanitarista.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato pela informação de V. Exa., mas
eu mandei um bilhete amistoso para o Prefeito e, depois, falei com ele por
telefone. É que estou querendo que me dêem a cópia do Parecer. Eu não tenho
nenhuma dúvida de que se ele pode ser responsável pela direção, ele pode ser
diretor. E o Prefeito sabia que não podia e mandou o Projeto de Lei alterando a
lei atual, que diz que tem que ser engenheiro civil ou engenheiro sanitarista.
Vou
votar contrariamente, se for votado. Mas, se eu fosse Presidente da Casa, não
receberia esse Projeto de Lei porque o considero uma afronta. Se ele quer fazer
a alteração que faça, mandando o Superintendente de Engenharia responder pela
Direção-Geral do DMAE. Fui Diretor-Geral do DMAE duas vezes e não cometi esses
equívocos. Eu tinha um superintendente de engenharia que era engenheiro e um
superintendente de administração que também era engenheiro civil. Qualquer um
dos dois poderia me substituir. Agora, vem um terceiro, do Departamento de
Limpeza Urbana, agrônomo e vai exercer as funções todas que têm o
Diretor-Geral, que precisa ser engenheiro civil ou engenheiro sanitarista.
Vamos continuar debatendo o assunto mais devagar e com mais tempo. Saúde e paz!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores,
hoje, em primeira Sessão de Pauta, está tramitando um Projeto de nossa autoria,
que institui no Município de Porto Alegre o Dia do Profissional de Educação
Física e dá outras providências.
A
proposição que está sendo feita é que no dia primeiro de setembro de cada ano
será comemorado o Dia do Profissional de Educação Física.
Por
que dia primeiro de setembro? No ano passado, 1998, nesta data, dia primeiro de
setembro, foi regulamentada a profissão em nosso País. Hoje os profissionais de
educação física são cento e quarenta mil em todo o Brasil. No dia oito de
janeiro foram eleitos os primeiros conselheiros federais do Brasil, dezesseis
profissionais da área e, com muita honra e orgulho, fui eleito Conselheiro
Federal e, por isso, entendemos que é importante marcar em nossa Cidade essa
data, mas não só, simplesmente, o Dia do Profissional de Educação Física.
Entendemos que nesse dia devam ser comemoradas as ações lúdicas, as ações
desportivas; que em cada escola tenha um movimento, de manhã à noite,
envolvendo inúmeras atividades esportivas que possam ser desenvolvidas por
aquele profissional, que é um dos poucos cuja atividade é essencialmente
pública, em todos os segmentos. Enquanto outros profissionais, na área
acadêmica, ministram as suas aulas dentro de quatro paredes, o profissional de
educação física ministra a sua aula aos olhos de todos. Por isso, dissemos que
sua aula é pública, até porque o esporte tem uma ligação muito forte e grande
com a sociedade. Podemos dizer que quase a totalidade da população teve ou tem
envolvimento com a área desportiva. A área desportiva consegue agregar a todos.
Esse profissional muitas e muitas vezes é idolatrado dentro da sua escola,
porque consegue uma empatia muito próxima com os seus alunos. É por isso, sendo
regulamentada a profissão no dia 1º de setembro, entendemos mais do que justo,
que é merecido, porque esse profissional que trabalha às 13h30min, às 14 horas,
sob um sol de 35/40 graus centígrados que, ao mesmo tempo, trabalha às 7 horas,
com temperaturas inferiores, às vezes abaixo de zero, está lá no seu dia-a-dia
mostrando o porquê do valor profilático da atividade física.
O
dia que o nosso País conseguir ter políticas públicas para o desporto e
atividade física, deixaremos de gastar, especificamente, na área curativa
porque temos bem claro que investir na atividade física é medida profilática, é
investir em saúde, e um País que faz isso consegue ter uma população mais
saudável, uma população mais disposta, uma longevidade cada vez maior com um
número diminuto de pessoas doentes. Portanto, solicitamos aos nobres Vereadores
desta Casa que, durante esse período de Pauta, e ao longo das diversas
Comissões, aprovem esse Projeto, que é simples, mas temos a certeza que vai
marcar - e muito - em nossa Cidade, o dia desse profissional. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
em primeiro lugar quero destacar na Pauta o Projeto do Ver. Cyro Martini que
nos traz o debate sobre a criação do Conselho Municipal do Idoso. Independente
do método, tenho o entendimento de que a criação de um conselho municipal que
vai discutir direitos, e como um segmento da população deve ser atendido,
acompanhado, além de ser da iniciativa de um Vereador, tem que estar respaldado
por um processo de debates com a sociedade. Mesmo assim, eu destaco que as
conferências na área da assistência social, da saúde vêm apontando para a
necessidade de organizarmos políticas para o atendimento ao idoso. Um conselho
municipal será importante para concretizarmos isso. Será uma ferramenta de
encaminhamentos de um conjunto de políticas que vêm aparecendo nas conferências
sobre assistência social e sobre saúde.
Hoje,
em 1ª Sessão de Pauta, está entrando a discussão do Projeto de Lei Complementar
do Executivo que trata da mudança da Lei do Direito Real de Uso. Este Projeto
traz uma inovação, no sentido de incorporar o direito real de uso como membro
participante do Conselho Municipal de Acesso à Terra e à Habitação - COMATHAB -
que é uma ferramenta nova desse processo mais recente de organização da Cidade.
Está incluída nesta proposta que o COMATHAB venha a ser a esfera de decisão em
relação ao direito real de uso. A UAMPA também tem um papel de participação
dentro desse processo. Essa é uma das inovações que essa proposição de lei, que
está em Pauta, prevê.
Outra
discussão é em relação ao mérito do debate do direito real de uso, que é a
propriedade do cidadão que mora nessa área. Após a morte do titular ela
continuaria, de forma hereditária, passaria aos seus descendentes. Essa é outra
mudança de proposta, e que está sendo incluída no Projeto. Acho que esta
ferramenta do direito real de uso é uma ferramenta importante, porque está se
implementando questões novas sem mudar o mérito principal da legislação e, por
isso, acho que nós podemos aprofundar o debate.
Gostaria
de destacar que, na semana passada, durante a discussão de Pauta, houve um
debate - que no meu ponto de vista mascara o debate de fundo - acerca da
questão levantada por alguns Vereadores no que diz respeito à capacidade que os
cidadãos têm de pensar e decidir. O debate que fizemos na semana passada, aqui,
sobre o Orçamento Participativo, no fundo, tenta mascarar a questão, pois
existem Vereadores que são contrários a que cidadãos desta Cidade possam ter
condições de decidir sobre o seu futuro. Acho que existe um debate que vai além
e que se estabelece nesta tribuna no momento em que ouvimos um cidadão e não
aceitamos a sua crítica.
Parece-me
que em vez de nós estarmos defendendo o Legislativo fazemos o contrário. No
momento em que nós, Vereadores, não aceitamos a crítica, não assumimos que
existem ferramentas muito importantes na Cidade de Porto Alegre, e o Orçamento
Participativo é uma delas, não estamos ajudando. Acho que devemos fazer uma
reflexão mais profunda sobre isso. Por trás disso estamos mascarando a
capacidade que alguns Vereadores têm para aceitar a crítica, porque se acham os
donos da verdade e que não erram nunca. Isso não é verdade. Nós, Vereadores,
somos seres humanos e temos o direito de errar. É bom que se tenha muito bem
claro isso, porque um cidadão que vem a está tribuna trazer um problema é um
ser humano e tem direito de errar, assim como nós temos esse direito também.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol esta com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, começa
a correr em Pauta no dia de hoje um Projeto de Lei Complementar do Executivo
que terá de merecer grande atenção desta Casa. Este Projeto que altera o
dispositivo da Lei Complementar 242 de 22.01.91, que disciplina a concessão do
direito real de uso aos ocupantes de áreas de propriedade do Poder Público
Municipal e que dá outras providências, merece desta Casa, mais do que nunca,
uma atenção especialíssima, eis que a primeira leitura que se faz a respeito
dessa matéria, certamente, nos induz a algumas indagações que precisarão ser,
não só respondidas durante a discussão preliminar que agora se instaura, como e
sobretudo, esclarecidas, para que se sinta exatamente o que pretende o
Executivo Municipal, quando acrescenta inciso III e IV ao artigo 3º; parágrafos
9º, 10, 11, 12, 13, 14 ao artigo 5º; e parágrafo Único ao artigo 12. Numa
leitura rápida, Sr. Presidente, verifica-se que se quer introduzir disposições
como a que eu leio. O beneficiário de direito à concessão de uso poderá vender
a unidade habitacional construída, com mão de obra própria a terceiros,
mediante assinatura de um distrato na concessão do direito real de uso. Vale
dizer que alguém que hoje tenha o direito real de uso, de acordo com aquilo que
foi estabelecido na Lei Orgânica do Município, passa a participar de um novo
mercado imobiliário que agora aqui está se oficializando, podendo vender o acessório
de um imóvel, cuja propriedade ele não dispõe, já que ele dispõe é do direito
real de uso, que depois haverá de ser objeto de uma nova transação, de uma nova
negociação com o Município. Eu acredito, numa análise primeira, de que essas
disposições, Ver. Paulo Brum, V. Exa. que é extremamente preocupado com
assuntos dessa ordem, consagrado esse fato, nós estaremos desfigurando por
inteiro a instituição que o Legislativo Municipal sabiamente introduziu na Lei
Orgânica do Município. Não sei até, Sr. Presidente, se trata de um Projeto de
Lei Complementar, de origem do Executivo, senão teriam até cautelas para o
quórum qualificado para essas mudanças, porque elas estão introduzindo uma
modificação consistente num instituto que decorre de uma disposição da Lei
Orgânica do Município. Acena-me que sim o Ver. Juarez Pinheiro, dizendo que
haverá quórum qualificado da maioria de 17 votos. Mas como mexe com a Lei
Orgânica, Ver. Juarez Pinheiro, eu entendo que tenha que ter o quórum de 22
Vereadores, os 2/3 da Casa, porque, em última instância, está-se mudando, por
artifício de uma Lei Complementar, uma disposição da Lei Orgânica do Município
que não vai mais produzir os efeitos originários que ela pretendia e que vem
cumprindo.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quando o Vice-Prefeito
trouxe este Projeto, em mãos, à Casa, eu coloquei essa mesma preocupação de V.
Exa., até porque eu queria saber o que aconteceria com a Vila Planetário, onde
já tem gente querendo sair e querendo vender a casa. Eu dizia a ele: se o
terreno é da Prefeitura, tudo o que for construído no terreno será sempre da
Prefeitura, como a pessoa pode vender o que não é dela?
O SR. REGINALDO PUJOL: Satisfazendo a indagação de V .Exa.
Vereador, acrescenta-se o parágrafo 11, que diz o seguinte: “Quando se tratar
de unidade habitacional construída pelo Município...” - é caso da Vila
Planetário - “ .. o concessionário poderá optar pela compra da mesma, mediante
assinatura de um contrato padrão de financiamento”. Por inúmeras vezes,
tentou-se aqui introduzir o dispositivo da compra e venda e sempre foi negada
essa possibilidade, porque diziam que isso descaracterizava o instituto. Agora,
abruptamente, pretende-se dar uma abrangência para esse instituto, que nós vamos
encontrar uma forma nova de estabelecer um direito de propriedade
comercializável, tão tranqüilamente como qualquer imóvel que hoje pretenda-se
vender.
Faço
essa advertência à Casa e convoco os Vereadores para o debate. É um assunto
extremamente sério e que deve merecer de todos nós a mais absoluta e a mais
profunda ocupação, na medida em que só um debate muito esclarecedor poderá
superar as dúvidas e indagações que, a partir deste momento, estou levantando
perante o Plenário deste Legislativo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para discutir a Pauta, tem a palavra o
Ver. Antônio Losada.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
lideranças do Bairro Mário Quintana e Vila Safira aqui presentes, que
utilizaram hoje a Tribuna Popular, a nossa saudação.
Inicialmente
quero comentar o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/99, que altera
as disposições da Lei Complementar 242, de 22 de janeiro de 1991, que
disciplina a concessão do direito real de uso aos ocupantes de áreas de
propriedade do Poder Público Municipal, e dá outras providências.
Recentemente
as comunidades, as associações comunitárias da nossa Cidade, juntamente com o
DEMHAB, promoveram um seminário sobre a concessão do direito real de uso, com a
finalidade de alterações e de propor este Projeto que o Executivo traz ao
debate desta Casa.
O
Projeto substancialmente modifica o Parágrafo 1º do art. 2º, e a inclusão da
COMATHAB, em conjunto com a UAMPA, como responsáveis pelo encaminhamento aos
moradores da consulta acerca de áreas do Município para a relocalização,
levadas em consideração as diretrizes do Plano Diretor.
Outra
modificação trazida ao Projeto é relativa ao art. 7º, que no caso de morte dos
titulares do direito à concessão do direito real de uso é proposta invocando o
art. 1603 do Código Civil, que diz respeito à vocação hereditária, visto que
não cabe ao Município regular o direito sucessório. O Projeto ainda sugere a
inclusão de dois novos incisos e parágrafos, sendo que com a combinação do
parágrafo 9 e 10 desse Projeto de Lei, fica admitida a possibilidade de venda
da unidade habitacional construída com mão-de-obra do Próprio e de terceiro,
desde que o comprador se enquadre nos critérios de baixa renda.
É
uma antiga reivindicação da comunidade, a legalização desses imóveis, quando
são passados para terceiros. Essa adequação proposta por esse Projeto de Lei
Complementar do Executivo vem adequar a legislação do Município ao Código
Civil, isto é, antes, quando um dependente ocupava um imóvel, já que o titular
o havia deixado como beneficiário, não precisava comprovar a condição de
familiar; só comprovar a condição de dependente. Então, esse Projeto modifica
isso. Ver. Reginaldo Pujol, a importância desse Projeto é que ele é produto de
um grande debate com as comunidades, é resultado de um seminário que se
realizou há três meses atrás na Usina do Gasômetro exatamente para estabelecer
um debate e uma discussão de como regularizar esses imóveis, já que na parte
dos lotes não há possibilidade de transferência. O Executivo fica com a
garantia da propriedade desses lotes, para evitar que a exploração imobiliária
se utilize da necessidade dos moradores de baixa renda. Então, a titularidade
concedida aos ocupantes dessas casas só se daria da parte construída ou da
parte comprada. E dos lotes não, evitando assim a exploração imobiliária.
O
tempo é curto para nós aprofundarmos essa questão tão importante. Mas devo
destacar que essa proposta vem via Executivo, mas é resultado de uma grande
discussão que passa pelas comunidades organizadas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra em
tempo Especial, no qual fará o relato de sua viagem, representando esta Casa, à
África.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
encontro que eu tive a honra de participar, representando esta Casa, ocorreu do
dia 26 de fevereiro, quando foi o dia da recepção às delegações, até o dia 1º
de março, sendo que nos dias 2 e 3 de março teve uma série de atividades,
visitas e encontros importantes com lideranças.
A
pauta desse encontro foi a seguinte: no dia 27, foi o relato da situação
sócio-econômica de cada país africano pelas respectivas delegações; no dia 28,
a discussão trazida pelas delegações; no dia 1º, debate da resolução final; no
dia 2, fizemos uma visita ao bairro de Suweto, o bairro da resistência. Fora da
pauta do Encontro tivemos, eu e mais a delegação brasileira, um encontro com o
dirigente do partido socialista da Azânia, partido que é crítico ao governo de
Mandela, e um encontro com o dirigente da sucursal africana da federação
mundial dos metalúrgicos, cuja sede, para os assuntos da África, é em
Johannesburg e que tem uma posição favorável ao governo de Mandela.
Participaram
desse encontro mais de vinte entidades, representando em torno de quatorze
países, e os pontos centrais desse debate - que foi um encontro preparatório a
um grande tribunal que deverá denunciar a situação de miséria em que se
encontram os países da África -, eu resumiria em quatro grandes itens.
Primeiro,
uma conclusão de todas as delegações que estavam lá é de que os planos de
ajuste estrutural do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial vêm
forçando a anulação de conquistas sociais obtidas num período recente, dos anos
50 para cá, na luta contra a dominação colonial sobre os países africanos.
Segundo,
esses planos que na verdade são um conjunto de decretos e exigências, têm como
objetivo sempre garantir, a qualquer custo, o pagamento do serviço da dívida e,
com isso, aumentando cada vez mais o empobrecimento das populações africanas.
Terceiro,
metade da dívida africana, que hoje está em torno de trezentos bilhões de
dólares, é composta de juros acumulados. Boa parte desse dinheiro que é pago,
foi emprestado a governos notoriamente corruptos e antidemocráticos. E ainda,
uma parte desse dinheiro que se diz ter chegado aos países africanos, na
verdade, ainda dormita nos bancos internacionais.
Quarto,
o empobrecimento da população, a falência dos pequenos camponeses, o aumento da
miséria, o desemprego, são agravados pelo desmonte do Estado, tal qual ocorre
aqui, pela eclosão de guerras civis fomentadas pelo capitalismo internacional e
pela instigação da luta fratricida entre povos africanos.
Por
último, a esse quadro se junta a entrega das riquezas nacionais e dos setores
mais rentáveis da economia, inclusive, da Aduana, setor que cobre impostos, ao
controle de instituições econômicas e financeiras internacionais, agregando-se
a isso uma política de desregulamentação do trabalho que avança em todo o
mundo, no sentido de cassar conquistas trabalhistas.
Essa
foi a tônica de toda a discussão. A deliberação desse ponto foi de procurar
marcar a realização do tribunal internacional, em princípio, para São
Francisco, na Califórnia, no ano que vem, procurando acoplar à Conferência
Mundial a ser organizada pelos sindicatos e federações mundiais. Foi tirado que
como preparação a esse grande tribunal cada delegação deveria, nesse período de
dois, três meses, procurar indicar personalidades que tenham reconhecido
destaque na defesa dos direitos humanos e na defesa dos direitos dos povos,
para indicar como jurado nesse tribunal internacional, neste ano, e ainda neste
semestre para ser definido esse corpo de jurados, escolhido um presidente, para
que em janeiro esse tribunal se instale. E também foi deliberado que as
delegações dos diversos países que estavam lá, ou mesmo de países vizinhos que
não estavam lá, essas delegações vão procurar organizar a vinda de delegações
africanas para divulgar, até a realização do tribunal, a situação desesperadora
pela qual passam os países da África. Essas foram as principais resoluções
desse encontro. E vale a pena registrar, ainda no tempo que resta, o que
podemos constatar com relação à África do Sul.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu estou ouvindo com atenção o que V. Exa está relatando dessa
viagem. E gostaria de saber, se pudesse elucidar-me, qual a posição do mundo
diante dessa miséria pela qual está passando a África, transformada, depois do
colonialismo, em tribos que se devoram, que se destroem em verdadeiros
campeonatos de guerreiros. V. Exa tem alguma informação de qual a ajuda efetiva
que vai se dar a esses povos miseráveis que estão morrendo? Vêem-se na
televisão pessoas esquálidas, magras, perambulando em direção ao nada, com
crianças no colo. O que se monta em defesa desses seres humanos?
O SR. JOSÉ VALDIR: O centro da discussão, Ver. Pedro
Américo Leal, é que esse não era um encontro onde se buscava ajuda
internacional; o que se buscou nesse Encontro foi fazer uma denúncia séria e
ter uma atitude política diante dessa situação por que hoje passam os países do
chamado Terceiro Mundo. Sem resolver essa sangria - que foi a tônica da
discussão - por que passam os países do Terceiro Mundo com o pagamento dos
serviços de dívida externa - dívida essa em muitos casos questionada, e que uma
auditoria poderia mostrar que não existe o montante apregoado -, sem fazer essa
transformação, sem a união dos países do Terceiro Mundo contra esse tipo de
espoliação do capitalismo internacional, não há solução.
Esse
não foi um encontro em que se procurava ajuda internacional; houve a idéia de
organizar um tribunal internacional de denúncia dessa situação que a África enfrenta
hoje e que também a América Latina está enfrentando, e todos os outros países
do Terceiro Mundo.
Eu
também gostaria de dizer que a África do Sul, onde estivemos, não enfrenta a
situação mais dramática. Ao contrário, a África do Sul é a capital econômica do
Continente Africano. É o Primeiro Mundo no Terceiro Mundo. Nós deparamos com
uma cidade extremamente moderna. No Relatório de onze páginas que estou
apresentando, há dados sobre essa situação bastante ambígua, como no Brasil,
onde há um mundo de opulência e riqueza e há miséria nas favelas. Isso
presenciamos, quando fizemos a visita ao Bairro da Resistência, ao Bairro de
Suweto.
Nós também constatamos, nos debates dos quais participamos, que o Governo de Mandela - que encerra neste ano, quando haverá eleições - é um governo que assumiu com a proposta de unidade nacional, e ela já não existe, porque os partidos de direita se retiraram por achar que houve mudanças e transformações demais. Os partidos de extrema esquerda também saíram por achar o contrário, porque as mudanças estão muito lentas e, provavelmente, vamos ter uma eleição disputada com três grandes forças políticas. Na avaliação de todos, apesar de o Governo Mandela não ter conseguido, no campo das políticas sociais, de saúde, educação e habitação, resolver satisfatoriamente os problemas, ele deverá vencer as eleições com uma margem folgada de votos.
Infelizmente, o tempo é curto, mas poderíamos ficar falando aqui sobre a questão cultural da África do Sul, que tem onze línguas oficiais, duas línguas da chamada minoria branca, o inglês e o “afrikans”, de origem holandesa, e nove dialetos, que são africanos. Então, cada criança da África do Sul já nasce falando três ou quatro línguas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não há
como deixar de comentar um pouco o ocorrido na Tribuna Popular. Fica claro que
algumas questões não foram suficientemente esclarecidas e entendidas, e eu até
ouso dizer, fraternalmente, que o Ver. João Dib hoje falou uma coisa que não
sabia, fazendo uma crítica ao cidadão que usou a Tribuna Popular. Os postos do
programa de saúde da família são gerenciados pela comunidade, por uma
associação que assume essa responsabilidade na questão administrativa, enquanto
que a Secretaria assume a responsabilidade no que diz respeito à questão
técnica de saúde. Os funcionários que trabalham nos PSFs são contratados pela
Associação de Moradores, e essa é uma orientação do Governo Federal, inclusive.
Assim que o PSF é estruturado, as pessoas são contratadas pela Associação,
portanto, são CLT - corretíssimo o que disse o Presidente da Associação da
Safira Velha que usou a tribuna. Portanto, o acompanhamento do desempenho
funcional de médicos, de enfermeiros, auxiliares de enfermagem e dos agentes de
saúde é feito pela comunidade, pela Associação que assumiu essa
responsabilidade. Pode-se entender a forma como essa Associação e a sua direção
se sentiram, Ver. Pedro Américo Leal, agredida e ofendida, quando alguém veio
aqui denunciar que estaria funcionando mal o PSF daquela comunidade - não
assumiu a crítica, não comparecendo lá no dia em que a COSMAM lá esteve - foi isso
que o cidadão disse aqui em alto e bom som, porque são eles que gerenciam o
posto, com acompanhamento técnico da Prefeitura, da Secretaria Municipal da
Saúde. É assim que funciona o Programa de Saúde da Família. Portanto, não tem
como aceitar, também, a forma desmedidamente agressiva com que o Ver. Luiz Braz
atacou o cidadão que usou esta tribuna. As pessoas cometem erros, todos nós
cometemos, mas tem que haver um nível na relação, entre nós que somos muito
mais experientes na política, e acompanhamos muito mais essa disputa, do que
uma pessoa que gerencia o posto, do ponto de vista administrativo, que não foi
comunicado da visita. Poderia ter sido buscada a Associação e não foi.
Por
outro lado, aproveitando o tempo de Liderança, quero abordar um acontecimento
muito forte no nosso País, que foi o chamado blecaute em sete Estados.
Buscam-se explicações aqui e acolá e surge a possibilidade de que um raio tenha
atingido uma subestação em Bauru, no interior de São Paulo. É possível que isso
tenha sido um fato ocorrido naquela quinta-feira à noite, mas não tem como
aceitar - e ouso dizer isso como engenheiro da Companhia Estadual de Energia
Elétrica, embora não engenheiro eletricista -, de que a partir daí esse raio
tenha detonado todo o processo que desligou a energia elétrica em sete estados
do País. Esta versão é, absolutamente, fantasiosa. O que aconteceu, depois, foi
uma falta de controle no sistema, um erro primário de gerenciamento do sistema
elétrico no País.
Uma
das razões, Ver. Pedro Américo Leal, que estamos a debater é o que V. Exa.
fala: um processo de privatização não-estudado, não-pensado, mesmo para aqueles
que são a favor da privatização. Hoje há uma entidade nacional que controla o
sistema, ninguém sabia que existia, era exatamente esse órgão que deveria
controlar todo o sistema. Só se veio a saber que existia neste blecaute.
Falta
investimento. Todos nós estamos acompanhando a situação do Rio de Janeiro ao se
vender a “Light”: crise, crise, crise por falta de investimento no sistema. E
este foi apenas um fato. Há pouco aconteceu na cidade de Buenos Aires, que
passou vários dias com sérios problemas de abastecimento. E lá, também, foi
privatizado o sistema de energia elétrica.
Tudo
aquilo que se dizia está acontecendo num tempo mais curto. Não foi por falta de
aviso ou denúncia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo em
Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
acostumei-me a trabalhar num projeto de saúde da família do Grupo Hospitalar
Conceição. São postos de saúde avançados no interior das comunidades que se
caracterizam, Vera. Sônia Santos, principalmente, pela disponibilidade do
médico, pelo seu tempo integral, pela acessibilidade e pela proximidade com as
pessoas. São essas as três grandes características do Plano de Saúde da
Família. Todos os dias, enquanto fui superintendente, eu dava uma “incerta”
fiscalizada no seu funcionamento. Uma equipe de Saúde da Família é reduzida, é presidida
pelo médico de família, um agente extraído da comunidade, um enfermeiro, um
assistente social, um psicólogo, um psiquiatra. Só há uma forma de desenvolver
essa equipe, a fiscalização. Se alguém vier aqui nesta Casa denunciar e
especificar que não tem médico, atendente, uma enfermagem eficiente, um agente
comunitário de saúde, imediatamente, deve se dirigir à comunidade, assim como o
Ver. Renato Guimarães fez. Foi à comunidade de Wenceslau Fontoura (*), no limite da Cidade de Porto Alegre com
Alvorada, aonde vimos cloacas abertas dentro do Posto de Saúde. Ali as pessoas
não tinham as mínimas condições de trabalho, e continua assim até hoje. Outro
dia fui na Comunidade de Wenceslau Fontoura (*)
novamente e estava tudo igual, com as mesmas queixas, com os mesmos problemas.
O DEP prometeu uma visita, não foi - isso nós já sabemos.
Agora,
não podem insinuar que o Vereador não tem o direito de ir lá. O Vereador deve
ser recebido com urbanidade, com as boas graças, pois ele vai com o objetivo de
buscar uma solução para um problema. O Vereador vai fiscalizar, não vai fazer
proselitismo eleitoreiro. O Vereador vai lá para trabalhar; ninguém se
mobilizará daqui para uma comunidade que não seja com intuito do trabalho. Esse
é o nosso trabalho.
Agora,
a desfaçatez de um processo orquestrado, industriado, de vir uma pessoa da
comunidade aqui, falando agressivamente, sem o mínimo de postura. Nós estamos
muito desconfiados, em primeiro lugar, do total despreparo e ignorância da
pessoa que esteve falando aqui. Penso que não devemos perder muito tempo com
essa pessoa. O que nos preocupa e nos interessa é que essa pessoa que não
permitiu que os Vereadores entrassem no posto, estava obedecendo a ordens
superiores. Isso apenas faz parte de uma grande desatenção do Executivo para
com esta Câmara. Observamos até a forma desse rapaz falar, nós conhecemos o
cacoete, as palavras. Agora, por exemplo, faz um mês que o Ver. Renato
Guimarães descobriu a palavra ferramenta, e o Orçamento Participativo foi
chamado de ferramenta, quando esse Plano é feito por seres humanos, não é feito
de aço. É assim como chamar, depreciativamente, de elemento, a um ser humano.
Fato que temos de evitar. Agora descobriram até velhos termos: da profunda
reflexão, da cidadania, da luta; termos gastos, porque essas pessoas que vêm
aqui industriadas para agredir a Câmara de Vereadores, nada mais são de que a
caixa de ressonância desse grande processo de rejeição da Câmara de Vereadores.
Nós
somos totalmente a favor de qualquer orçamento participativo, mas como um órgão
que não queira substituir a Câmara de Vereadores e que não queira se insinuar
como uma forma ou, como diria o Ver. Renato Guimarães, uma ferramenta para
substituir esta Casa. A Câmara de Vereadores é bem mais complexa que uma
ferramenta. Nós temos a convicção de que mais cedo ou mais tarde vai aparecer a
verdade. Sabem por que eles não querem que Vereador entre em posto de saúde?
Porque um dos grandes calcanhares de Aquiles desta Administração, que há dez
anos está no Paço Municipal, é a área social, onde a educação está na contramão
da história, onde a situação da saúde é culpa dos outros e, mais do que isso,
onde as favelas estão aumentando na Cidade de Porto Alegre, segundo todos os
relatórios especializados.
Por
isso parece-me que, quem sabe, devemos voltar a sentar em volta de uma mesa,
conversar e, civilizadamente, urbanamente, começar a esclarecer uma série de
pontos que até agora, de todas as maneiras, através da truculência, foram
impedidos de serem discutidos através da ação dos Vereadores. Mas à truculência
responderemos sempre com a postura o mais civilizada possível. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
*
(O Ver. João Mota, em Questão de Ordem, solicitou a correção da localização de
postos de saúde no pronunciamento do Ver. Cláudio Sebenelo, sendo deferido pelo
Sr. Presidente – houve a substituição dos nomes “Ernesto Fontoura” e “Vicente
da Fontoura” por Wenceslau Fontoura.)
O SR. PRESIDENTE: Anuncio a presença dos ex-Vereadores
Wilton Araújo, ex-Presidente da Casa, e Jaques Machado, dois ex-colegas. São
Vereadores que prestaram grandes serviços a esta Casa e ao povo
porto-alegrense. É uma satisfação tê-los aqui. Quero dizer que sintam-se à
vontade e que serão sempre recebidos aqui de braços abertos por todos os seus
colegas de qualquer época. Constitui-se sempre muita honra para a Casa receber
aqueles que por aqui passaram e deixaram um rastro de bons serviços prestados,
dignidade e decência na vida pública.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Esclarecimento): Quando eu me referi a “eles” e “vocês”,
não era aos Vereadores da Câmara de Vereadores, mas aos integrantes do Partido
dos Trabalhadores.
Em
segundo lugar, quero dizer que realmente me equivoquei. Não é Ernesto Fontoura
nem Vicente da Fontoura, é Wenceslau Fontoura.
O SR. PRESIDENTE: Para que haja justiça realmente, pedirei
as notas taquigráficas e eu mesmo examinarei para ver se foi como V. Exa. diz,
porque não assisti ao discurso e peço desculpas por não saber. Não estou
falando em relação a V. Exa. nem aos outros Vereadores, só para que, se for o
caso, seja corrigido, do contrário, fica como está. Não se preocupe, Vereador,
V. Exa. sabe que procuramos agir com a maior justiça.
O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
sou um dos que não dá muita bola para esse tipo de coisa, mas o Regimento
começou a ser exigido. Então, não sei como o Ver. Cláudio Sebenelo se dirigiu
às pessoas do meu Partido, porque são exatamente os Vereadores do PT que estão
aqui. Portanto, exigimos que o termo usado, seja retirado.
O SR. PRESIDENTE: Não é o caso de dar bola, Vereador, é
regimental. Pode ficar tranqüilo, pois estamos atentos no caso de alguns
Vereadores que, às vezes, distraidamente, ainda não se acostumaram com o
Regimento. Se for o caso, corrigiremos, do contrário, ficará como está.
O
Ver. Fernando Záchia está com a palavra para Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
especial, os ex-Vereadores desta Casa, Wilton Araújo e Jacques Machado. Quando
ouvimos o Ver. Cláudio Sebenelo referindo-se às dificuldades de ação que nós,
Vereadores, temos quando queremos obter informações de determinados problemas,
de problemas falados pela comunidade, temos que usar da prerrogativa de sermos
Vereadores para podermos ir ao local e lá sabermos da real situação para aí,
sim, utilizarmos a nossa atividade de Vereador em prol da comunidade. Não
assisti aos outros pronunciamentos, mas não posso concordar com o que foi dito,
que nós, Vereadores, talvez, em determinadas situações, queremos tirar proveito
para aparecer. Ora, isso é um grande equivoco. Recebemos as reclamações da
população de Porto Alegre e, utilizando a nossa atividade parlamentar, vamos a
elas para sabermos da veracidade ou não, vamos a elas para sabermos das
necessidades, das reais dificuldades e aí, sim, vamos utilizar a nossa
atividade de Vereador para ajudar a essas comunidades. É importante que todos
saibam das dificuldades que encontramos para saber uma informação oficial. Nós
temos uma maneira de conseguir as informações, porque a Lei Orgânica, no seu
artigo 94, diz claramente: “Compete privativamente ao Prefeito:” No inciso XX
diz: “Manifestar-se dentro do prazo de trinta dias prorrogáveis,
justificadamente, por mais quinze dias, quanto à viabilidade de atendimento da
proposição solicitada pela Câmara Municipal através do Pedido de Providências”.
O
Vereador quer uma informação, faz um documento, fundamenta este documento e o
envia, depois de aprovado pela Câmara Municipal, ao Sr. Prefeito. O Sr.
Prefeito tem trinta dias, dependendo da gravidade do assunto, prorrogáveis por
mais quinze, para nos fornecer a informação oficial. Para que nós, com os dados
oficiais, possamos dialogar com a comunidade.
Ora,
se o Sr. Prefeito não obedece à Lei Orgânica, se ele não nos responde dentro do
prazo legal, trinta dias mais quinze dias, como é que nós, Vereadores, vamos
atuar? A comunidade não quer que vamos aos postos de saúde? A comunidade não
quer que possamos ir lá saber o que de fato, o que de verdadeiro acontece? O
Sr. Prefeito não cumpre a Lei Orgânica, não nos responde no prazo e quando nos
responde, Ver. João Dib, responde parcialmente.
Este
Vereador entrou no dia três de janeiro com um Pedido de Providências e obteve a
resposta no dia oito de março. Vejam, trinta dias seria no dia três de fevereiro,
mais quinze dias, e isso só ocorreu fora do prazo.
Fiz
um Pedido de Informações extremamente cuidadoso, cauteloso, querendo saber
dados, informações sobre o carnaval, sobre o sambódromo. Já passou o carnaval,
o assunto já não é mais do momento, mas a Cidade precisa dessas informações. Os
Vereadores precisam dessas informações para que eles possam discutir com a
sociedade. Para que eles possam, sem fazer injustiça com ninguém, sem fazer
acusações levianas ao Sr. Prefeito, obter informações através da Prefeitura.
Mas o Sr. Prefeito não responde, e não responde dentro do prazo para que
possamos dialogar com a sociedade.
O
que faz o Sr. Prefeito? Ele responde três questões de uma maneira extremamente
vazia. Peço para anexar cópia do orçamento discriminado do Projeto original do
sambódromo. O Sr. Prefeito não anexa.
Anexar
cópia dos estudos ou parecer técnico sobre a proposta da construção da pista de
eventos na Augusto de Carvalho. O Sr. Prefeito não anexa.
Peço,
mais adiante, para responder a dois questionamentos. Ele simplesmente ignora.
Não responde. E são perguntas extremamente objetivas para serem respondidas,
quando peço a ele para informar se foi realizado uma análise comparativa dos
custos da proposta dos Vereadores e Deputados, com o Projeto original, ao lado
do Estádio Beira-Rio. São os custos, é a parte financeira, que este Vereador,
da tribuna da Câmara não tem condições, porque nós não conhecemos os valores
que, de fato, foram orçados e analisados pelo Executivo Municipal.
Isso
é um assunto longo. Isso, a sociedade de Porto Alegre merece e deve ter a
resposta. Mas eu fico extremamente aborrecido e triste quando vejo que o Sr.
Prefeito não cumpre a Lei Orgânica, quando ele não responde os questionamentos
aprovados por esta Casa, através de um Pedido de Providências, dentro do prazo;
prolonga por mais quinze dias e entrega com dezoito dias de atraso, e ainda o
faz de uma maneira incompleta, vazia. Assim, nós não temos os dados, não
podemos conversar com a comunidade, não podemos levar a ela a discussão, que é
o nosso objetivo, pensando em construir pela Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum passamos à
Eu
gostaria de ler em Plenário um ofício, que já enviei ao gabinete dos Srs.
Vereadores, com relação àquele plano desta Presidência de melhorar as condições
de atuação dos Vereadores. Essa foi sempre uma tese defendida pelo nosso
ex-Deputado, desde que aqui chegou como Vereador, o Ver. Pedro Américo Leal, e
que não é nada de mordomia, por isso eu falo na frente das câmeras de televisão
para a população, não há nada a ser escondido aqui na Câmara. O ofício que eu
enviei aos Senhores; Vereadores foi o seguinte: (Lê.)
“Como
o cumprimento de uma das metas dessa Presidência para este ano é a valorização
do serviço legislativo e melhores condições de trabalho aos nossos Pares,
informamos que a partir desta data determinamos a ampliação de 3000 para 3500
cópias na quota de mimeografia. Com o mesmo objetivo, aumentamos de R$ 63,51
para R$ 190,00 a quota de material para expediente, representando um acréscimo
de, aproximadamente, 200% na verba para este fim destinado. Ao darmos
conhecimento das Ordens de Serviço, nºs. 4 e 5, que tratam dos mecanismos para
o desenvolvimento do seu trabalho parlamentar, acreditamos estar colaborando
para o aprimoramento de suas atividades nesta Casa Legislativa.”
Ora,
uma quota de R$ 63,51 para material de expediente era absolutamente ridículo
para uma Câmara do porte da Câmara de Porto Alegre. Portanto, eu leio isso que
a Mesa aprovou, e nós não estamos concedendo aos Srs. Vereadores favor ou
mordomia, simplesmente precisamos melhorar as condições para que se exerça o
mandato parlamentar. Se estamos numa democracia plena, os Vereadores têm que
exercer os seus mandatos e prestar conta para os seus eleitores, para a Cidade
de Porto Alegre. Não se pode viver aqui, ridiculamente, com contenção, como foi
o caso de alguns Vereadores - inclusive este Vereador, que teve que pagar
envelopes do seu próprio bolso.
V.
Exas. estão recebendo este ofício nos seus gabinetes. As quotas ainda são
modestas, mas, pelo menos, melhora alguma coisa para não ficarmos no terreno do
absolutamente ridículo, do absolutamente sem compatibilidade com o status de um
Vereador da Capital do Estado do Rio Grande do Sul.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Congratulo-me com V. Exa. e acredito que
esse é um dos problemas mais sérios desta Câmara. A disciplina aqui é
franciscana, no bom termo da palavra, os Vereadores vivem com o mínimo, não só
quanto aos vencimentos, mas também quanto as suas quotas para material de
expediente. V. Exa. está rompendo isso, nós ficamos muito satisfeitos. Desde a
Assembléia, eu luto por uma melhor situação do Poder Legislativo, que parece
que fica a míngua, enquanto os outros dois Poderes disparam à frente. Nós temos
que ter condições de trabalhar. Quando chega no dia 15, 20, eu não tenho mais
cópias de “xerox” para dar satisfação àqueles que acreditam em mim e que me
seguem. Eu não estou fazendo nada de cartaz, eu estou dando satisfação às
pessoas que me seguem. Os Vereadores vêem com muito bons olhos essa
determinação de V. Exa. Chefe é chefe, é assim que se faz. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Não foi na condição de chefe, mas foi a
Mesa Diretora que aceitou as ponderações de diversos Vereadores. Os números são
absolutamente modestos, como V. Exas. acabaram de ver, mas, pelo menos,
tira-nos de um sufoco muito grande.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO
(Requerimento): Eu
cumprimento V. Exa. pela atitude, pelo desassombro e pela transparência.
Gostaria de fazer um Requerimento, Sr. Presidente. Nós ainda sentimos falta de
um sistema de comunicações onde o Vereador, no momento em que não está no
Plenário, possa ouvir e ver o que acontece no Plenário. Que através de uma
coisa que hoje em dia é simples, ou seja, o vídeo, o Vereador possa ter um
monitor no seu gabinete, na sua mesa ou, pelo menos, som. Nós estamos com um
problema muito sério de comunicação. V. Exa. sabe que é freqüente os Vereadores
serem chamados em seus gabinetes, muitas vezes com urgência e extrema
necessidade. É o pedido que faço, para que tenhamos algum acesso àquilo que
está acontecendo no Plenário quando nele nós não estivermos.
O SR. PRESIDENTE: Perfeito, Vereador. Vamos ver o que
podemos fazer.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, eu também gostaria de
fazer dois registros: primeiro, parabenizar V. Exa. e toda Mesa por esta
deliberação que vem ao encontro de uma demanda que tínhamos e que implica
melhoria da qualidade do nosso trabalho junto à população da Cidade. Segundo,
fazer minhas as palavras do Ver. Cláudio Sebenelo. Desde o ano passado, quando
o Ver. Luiz Braz estava na Presidência, eu venho solicitando a agilização da
questão dos interfones nos gabinetes, para que possamos saber o que está
acontecendo no Plenário quando, eventualmente, tenhamos que nos deslocar até o
gabinete para atender a um telefonema ou a alguma pessoa.
O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores sabem que toda e qualquer
questão formulada implica despesa, despesa implica orçamento, e orçamento tem
que ser examinado pela Diretoria respectiva. Mas já estamos suficientemente
esclarecidos para tomar as providências.
Ver. Luiz Braz tem a palavra para uma Questão de Ordem.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Quero
cumprimentar V. Exa.. Recebi correspondência em meu gabinete comunicando este
aumento das quotas. Acho extremamente necessário para o trabalho do Vereador.
Gostaria de ter feito isto ano passado, mas tudo é uma questão de orçamento.
Com relação a esta solicitação feita pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e José
Valdir, V. Exa. sabe que já temos um sistema na Casa, só que ele ainda não está
funcionando. Deve haver alguma razão técnica para que ainda não esteja
funcionando. Mas o sistema já está pago e a empresa está apenas completando os
trabalhos. Não sei o que é que está faltando, por isto solicito a V. Exa. que
informe à Casa.
O SR. PRESIDENTE: É verdade, nobre Vereador. Foi iniciado
na gestão de V. Exa., Ver. Luiz Braz, este tipo de comunicação. Se não estou
equivocado, é uma empresa mineira, de Belo Horizonte, e foram detectadas no
início de janeiro, ou fevereiro, algumas questões técnicas pertinentes à
consecução da obra, ou seja, algum defeito na extensão dos fios que vão fazer
essa ligação dos gabinetes. Então, foi contatada a empresa que, se não me
engano, é de Belo Horizonte, e estaria tomando as devidas providências. Até
agora ainda não foi terminado o contrato e o serviço. Em breve, darei maiores
detalhes de como andam as coisas.
A
Vera. Annamaria Gularte solicita licença para tratamento de assuntos
particulares no dia 15 de março. Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que aprovam
o pedido de licença permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com abstenção dos Vereadores Adeli Sell, Juarez Pinheiro,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, José Valdir, João Dib e Reginaldo Pujol.
(Obs.:
Foi dada posse ao Suplente da Vera. Annamaria Gularte, conforme consta da Ata.)
O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Sr. Presidente, o pedido de licença da
Vereadora é licença de saúde?
O SR. PRESIDENTE: É para interesse particular, Vereador.
PROC.
2094/96 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/96, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
permite a construção de cabines protetoras nos pontos fixos de táxi do
Município.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela rejeição do Veto Total;
- da CEFOR. Relator Ver. João Bosco Vaz: pela rejeição do Veto Total;
- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela rejeição do Veto
Total;
- da CEDECONDH. Relatora Verª Tereza Franco: pela rejeição do Veto
Total;
- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela rejeição do Veto
Total.
Observações:
-
para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art.
77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos
do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 127/96, com Veto Total de autoria do Ver. Elói Guimarães. O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto de nossa autoria, com contribuições da Casa e, em especial, do Ver.
Décio Schauren, visa basicamente a dar uma uniformização ao mobiliário da
Cidade de Porto Alegre.
O
que pretende a iniciativa? Exatamente fazer com que essas casinhas dos taxistas
tenham uma padronização. E mais do que uma padronização, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não terá nenhum custo para o Município, porque, do contrário, ele
seria inconstitucional e inorgânico.
Ele
visa a dar o mínimo de atenção e de dignidade aos taxistas, uma categoria que
exerce uma atividade de utilidade pública.
Todos
sabem as dificuldades por que passam os taxistas por não terem um lugar
adequado onde possam colocar o material de higiene, por exemplo, a pia para
lavar as mãos; é uma questão de saúde pública. Quando têm necessidades
fisiológicas, os senhores taxistas têm que se valer da boa vontade de algum
estabelecimento comercial.
Então,
o que é que se pretende? Criar esses abrigos, cobertos pela publicidade, no
sentido de dar o mínimo de suporte à atividade de relevância que eles exercem
na Cidade de Porto Alegre.
O
Prefeito Municipal, o Executivo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a meu juízo e
na minha opinião, não avaliou corretamente, suficientemente, a importância
desse Projeto e agrava no seu Veto algo que não consigo vislumbrar: a
inorganicidade do Projeto. Não, absolutamente, o Projeto está assentado na
forma da lei, é constitucional, não gera despesas e está dentro da capacidade
legislatória do Vereador, o qual pode legislar sobre essa matéria.
“Contraria
o interesse público”. Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu penso que o
interesse público está preservado, na medida em que estamos atendendo a uma
categoria que exerce uma atividade de utilidade pública. Então, nós não vemos
como se sustentar esses dois argumentos: a inorganicidade e o interesse
público.
O
apelo que estamos fazendo à Casa é no sentido de rejeitarmos esse Veto do Sr.
Prefeito Municipal e procurarmos, dessa forma, ajudar a Cidade, melhorar o seu
visual.
Atualmente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ocorre que nos
pontos fixos existem pequenas casinhas que não obedecem a um padrão. Se
estabelecermos, vejam bem, olhem como o Projeto é sensato, no seu art. 3º diz:
o poder concedente - no caso o Prefeito - o Executivo estabelecerá formas,
dimensões, cores e material empregado nas cabines, com observância às normas da
Lei Complementar nº 12, de 07 de janeiro de 1975, e da Lei nº 7234, de 19 de
janeiro de 1993, visando à sua padronização e adequação aos locais de
instalação.
Então,
se entrega uma iniciativa reivindicada historicamente pela categoria, se
entrega ao Chefe do Executivo para que ele, com os devidos cuidados para
aqueles pontos fixos, estabeleça uma política do mobiliário urbano da Cidade de
Porto Alegre. S. Exa veta o Projeto.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum inscreve-se e cede seu
tempo à V. Exa., que tem mais cinco minutos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço ao Ver. Paulo Brum.
O Sr. Paulo Brum : V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer a V. Exa. que vamos acompanhar o seu
Projeto. V. Exa tem conhecimento de quantos pontos fixos existem em Porto
Alegre onde seriam construídos esses abrigos que, com certeza, vão beneficiar
os taxistas?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: A maioria dos pontos fixos já tem a
casinha instalada, diria que 99% dos pontos fixos. A média de casinhas já
instaladas é muito grande.
Então,
o que se pretende? É, em última análise, também fazer a padronização desse
material. E teria, Ver Paulo Brum, sustentada a execução desse mobiliário pela
publicidade. Eu não sei o número de pontos fixos que temos atualmente em Porto
Alegre, mas não baixa de 120 pontos fixos na Cidade de Porto Alegre.
Instalar-se-iam esses equipamentos com todas as condições para permitir que o
senhor taxista, que exerce uma utilidade pública, tenha um tratamento
compatível com a relevância da sua atividade, para que ele não seja constrangido
ao chegar no estabelecimento comercial, e por razões que não vêm ao caso
discutir, que o dono do estabelecimento, quando solicitada a utilização, faça
cara feia, como se diz. O que se quer é o mínimo para que o taxistas tenham ali
o vaso sanitário, uma pia para a sua higiene, água para esquentar o chimarrão,
no terminal do ponto fixo. É um equipamento que não traz nenhum problema para a
Cidade, nenhuma dificuldade. E, obviamente, se ele atende a uma atividade dessa
relevância, não é contrário ao interesse público.
Contrariar
o interesse público é estabelecer determinadas obras que comprometam a Cidade.
Nem vamos discutir essa questão ligada aos passeios públicos. Não vamos
discutir, porque há uma série de inconveniências que não estão merecendo a
devida diligência em Porto Alegre, ocupações do nossos passeios públicos. O que
se quer é estabelecer regras compatíveis com os locais, sem nenhuma
interferência ao fluxo normal das pessoas. E as condições permitem. Nós temos
bancas de revistas, evidentemente que nem todas, mas há bancas que são
fiscalizadas pelo Município e que ajudam no desenvolvimento da Cidade.
A
casinha do taxista padronizada e de boa qualidade só vem enriquecer e
ornamentar a Cidade. Nós queremos uma cidade qualificada, bem ordenada, com determinados
padrões de qualidade, e esse Projeto se dirige a isso e busca criar as
condições de padronização, atendendo, também, o interesse de uma categoria que
não recebe nada do Município.
Nós
sabemos que o Município investe no transporte coletivo, investe no sistema de
lotações, mas o taxista não tem nada do Município, e essa categoria envolve de
dez a quinze mil pessoas em Porto Alegre. É um contingente magnífico, porque o
táxi, muitas vezes, envolve até três ou quatro pessoas, trabalhando com o mesmo
carro, sem falar na importância que ele representa para as famílias, pois é uma
forma de vida.
Fica,
então, o nosso apelo à Casa, aos Srs. Vereadores, para que oportunizemos que os
taxistas, através da construção dessas casinhas, tenham um tratamento compatível
com a dignidade de seres humanos, pela relevância da atividade que exercem.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o art. 55 do Regimento
diz que a proposição que receber parecer contrário de todas as Comissões pelas
quais tramitou será tido como rejeitado e será arquivada. Essa Proposição de
Veto de S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal recebeu rejeição em todas as
Comissões. É uma proposição ou não é?
O SR. PRESIDENTE: Juridicamente não seria uma proposição,
porque o veto é a contraposição de um projeto já aprovado; já é, digamos, um
grau de recurso. Creio, então, que não seja auto-aplicável à proposta do
Regimento.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu fico satisfeito, Sr. Presidente, mas
continuo pensando que é uma proposição e foi rejeitada pela unanimidade.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra,
para discutir.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
o Ver. Elói Guimarães apresenta a defesa do seu Projeto que institui a
construção de cabines protetoras ao serviço dos taxistas nos pontos fixos da
Cidade. Eu tive a oportunidade de discutir com o Ver. Elói Guimarães, por
entender que, de fato, ele tem uma preocupação que fundamenta esse Projeto, que
é importante e vem resgatar as condições de realização da prestação de um
serviço importante para a Cidade, que é o serviço do taxista. Sem dúvida
nenhuma é necessário que nos preocupemos com a regulamentação desses serviços e
com a construção de melhores condições para esses trabalhadores. No Projeto do
Vereador, para mim, no seu artigo 1º, reside o fundamento do Veto. A
padronização que esse artigo propõe, amplia de uma forma que foge aos critérios
que temos que ter - na minha concepção - para a construção da Cidade, no atual
momento que estamos vivendo. O Vereador propõe que, irrestritamente, nos pontos
fixos de táxis, se construa a cabine. Ele delega ao Executivo a possibilidade
de trabalhar as dimensões, as cores, a propaganda e dispor sobre isso, mas ele não
permite ao Executivo a escolha de construir ou não. O artigo 1º dispõe que em
todo ponto fixo de táxi há de se construir a cabine. Eu acho que aqui reside o
problema, porque a discussão que tivemos com as secretarias do governo, e fomos
orientados nesse sentido, é no sentido de que devemos ter algumas preocupações
na construção da nossa Cidade. Em Porto Alegre nós temos um centro antigo, um
centro histórico, temos ruas estreitas, temos pontos fixos, onde a construção
de equipamentos como esse traria um transtorno irrecuperável ao trânsito dos
pedestres e à circulação. Enquanto Coordenadora dos Direitos Humanos, na
Prefeitura, tivemos oportunidade de andar por grandes avenidas e pelo Centro da
Cidade, tendo a preocupação com a questão do mobiliário urbano. E o que vimos é
que os nossos equipamentos urbanos que prestam serviços, que são importantes na
sinalização da Cidade e na prestação de serviços de diversas naturezas, como de
lixo, de telefone, serviço de sinalização, enfim, vários tipos de equipamento do
mobiliário urbano se sobrepõem sem muita lógica, tornando o passeio público,
por vezes, intransitável, o que vem trazer difícil acessibilidade, e não só às
pessoas portadoras de deficiência. Resgatamos essa preocupação em algumas
regiões da Cidade, mas acho que quando tratamos do interesse público, devemos
buscar ao máximo tratar do interesse de todos, e os taxistas, evidentemente,
estão dentro desse conjunto assim como os cidadãos que querem ter um livre
acesso sem empecilhos.
A
nossa reivindicação ao Vereador é a de que, contemplando essa questão da
sensibilidade, contemplando também a questão de áreas verdes - porque muitas
vezes ali temos prejuízo com equipamentos desse tipo - contemplando a
diversidade das situações onde não seria recomendável, de acordo com o critério
mais exigente de construção da Cidade, que isso fosse revisto pelo Vereador num
novo projeto, resgatando esses critérios e essa preocupação e, ao mesmo tempo,
possibilitando a construção das cabines naqueles lugares de ponto fixo em que a
cabine não dificultasse o acesso.
Evidente
que o Vereador manteve a proposta, mas deixo aqui registrado que a importância
da manutenção do Veto está em resgatar essa problemática que o artigo 1º nos
traz. É impossível pensar que possamos construir esse equipamento
irrestritamente na Cidade, temos que manter os critérios, que são importantes
na construção da Cidade e resgato aqui, principalmente, dois: o da
sensibilidade e o das áreas verdes. E colocava ao Vereador algumas alternativas
que considero importantes e que temos que incorporar a preocupação com a
construção desse equipamento, e até em discussão com a categoria, com os
taxistas em alguns locais onde está para se fazer alguma ação, como, por
exemplo, em relação aos grandes empreendimentos que se constróem na Cidade.
Podemos estabelecer que, nos grandes empreendimentos, seja contemplada a cabine
e o local necessário para prestação dos serviços dos taxistas, isso dentro de
alguns critérios que facilitariam na medida em que tiraríamos a cabine do passeio
público, na frente dos grandes empreendimentos como grandes supermercados, e
colocaríamos dentro desses empreendimentos como um elemento da negociação com
esses grandes empreendimentos.
É
uma idéia, poderíamos ter outras, por isso solicitamos a derrubada do Veto para
refazermos essa discussão estabelecendo critérios mais rigorosos e contemplando
o interesse público de toda a Cidade, inclusive dos taxistas. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra, para discutir.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
tenho dúvida de que o Projeto proposto pelo Ver. Elói Guimarães possui mérito,
mas entendo que ele carece de uma discussão mais aprofundada. O Ver. Elói
Guimarães defende a questão da legalidade dos projetos apresentados. Chamo a
atenção que S. Exa. vota sempre contra os projetos autorizativos. O seu Projeto
- segundo o dicionário do Ver. João Dib, permitir significa autorizar - é
autorizativo, porque a competência para propor esse tipo de matéria, com base
no Art. 94, Inciso XII, da Lei Orgânica do Município, é do Poder Executivo.
Apenas faço essa observação para chamar a atenção de que essa matéria merecia
uma maior discussão, que não teve, até por falha da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, que deveria discutir mais com S. Excelência. O nobre Vereador
tem primado pelas questões de legalidade, como Presidente da Comissão de
Constituição e Justiça. Não vi o Vereador votar favorável a um projeto de lei
autorizativo, por uma questão de lógica jurídica e controle da
constitucionalidade e legalidade dos processos que tramitam nesta Casa. De
outra parte, a preocupação do Poder Executivo é basicamente garantir a
circulação, no âmbito da Cidade, dos transeuntes. O Projeto não detalha, como
merecia, quais os locais em que é possível a instalação dessas cabines. Estou
apenas fazendo essas referências, Vereador, para ressaltar o mérito de sua
proposta, com a qual concordamos em parte, mas principalmente para mostrar como
ela merecia uma maior discussão. Possivelmente, se V. Exa. procurasse o Poder
Executivo para discutir esta matéria, ela não careceria de um projeto de lei e
poderia ser implementada com mais facilidade.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. foi sábio quando
disse que o Projeto deveria ter sido melhor discutido. Veja que o art. 1º
permite em qualquer ponto da Cidade. Imagino como seria colocada uma cabine
dessas na esquina da Rua Senhor dos Passos com a Av. Voluntários da Pátria.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Dib, V. Exa., além do
dicionário, me empresta a sua inteligência para mostrar como esse Projeto
precisa ser melhor discutido.
Tenho
certeza de que o Ver. Elói Guimarães que é uma pessoa inteligente e sensata,
poderia, com um gesto de grandeza, aconselhar seus colegas, no sentido do
recebimento do Veto do Sr. Prefeito, e haveria de nossa parte o comprometimento
de, junto com o Vereador e com o Poder Executivo, tratar melhor dessa matéria.
Fiz essas observações porque tenho a preocupação de que esse Projeto, afora
infringir o art. 94, inc. 12 da Lei Orgânica, e ser por isso inorgânico, pode
causar problemas, em lugar de trazer benefícios aos trabalhadores.
A Sra. Helena Bonumá: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vou fazer uma correção. A minha intervenção foi pela manutenção do
Veto, em função principalmente do art. 1º, como V. Exa. acaba de mencionar
também, só que no final, segundo o Ver. João Verle, eu me expressei pela
derrubada do Veto. A situação é inequívoca.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Honra-me pelo aparte, em primeiro, para ver transcrito no discurso
de V. Exa. o art. 94, inc. 12, que diz o seguinte: “Administrar os bens e as rendas municipais e promover o lançamento
da fiscalização e arrecadação de tributos”. Quero ressaltar a palavra
“administrar”.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Elói Guimarães, o acessório
acompanha o principal. O principal não é a cabine do taxista, mas sim a área
física onde ela se localiza. Esse é o motivo da minha verificação de ser
inorgânica a proposta de V. Exa.
Esse
Projeto merecia maior discussão, e a sensibilidade desta Casa pode equacionar
essa questão ao haver compromisso da Bancada do PT em discutir melhor a
matéria, desde que o Ver. Elói Guimarães aconselhe a manutenção do Veto pelas
minhas razões e pelas razões aqui colocadas pelo Ver. João Dib. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para discutir.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, os
Vereadores bacharéis em Direito têm repelência ao projeto autorizativo,
simplesmente porque não consta no elenco dos projetos previstos no próprio
Regimento.
Aliás,
já deveria estar inserido no Regimento, porque é um dos projetos, o
autorizativo, de maior significação, é uma contribuição que o Vereador dá ao
Prefeito, de uma sugestão.
Eu,
por exemplo, tenho duas realizações materiais nesta Cidade que foram recebidas
pelo PT com muito agrado e se transformaram naquele Centro do Corpo de
Bombeiros, perto da Av. Mauá, e depois, na Primeira Companhia do 9º PBM, que
está na Praça Glênio Peres; e o que foram? Ora, Ver. Elói Guimarães, projetos
autorizativos!
Mas
esse Projeto que está aqui é muito simples. Afinal de contas, os motoristas são
humanos! Ou será que não são? Quem sabe os motoristas são robôs? Não têm
necessidades fisiológicas, não precisam se socorrer, às vezes, de um “reservado”? Precisam.
Então,
temos que analisar com muito bom-senso, com muita calma para poder resolver
essa sugestão do Ver. Elói Guimarães, que agora vem, em exame de Veto e,
simplesmente, vinte Vereadores - quase toda a Câmara - se pronunciaram através
das comissões.
Talvez
o povo não saiba, mas este Veto foi examinado, porque foi reexaminado no
Projeto. Vinte Vereadores, dos trinta e três, estudaram esta matéria. Ora, nós
estamos levando a sério! Estes homens têm que ter um recurso. Eu não vou
definir o recurso, porque a segunda palavra seria até uma palavra indevida, porque
está ligada às necessidades fisiológicas, que todos os senhores fazem, ou não
fazem? A não ser que tenha alguém aqui que não precise desse recurso.
Agora,
o que é que eu vi? Neste Projeto o Prefeito diz que veta, porque ele veda a
livre circulação de pedestres e de deficientes físicos e visuais.
Ora,
o deficiente decora, ele bate uma vez e não bate a segunda. Bem como a poluição
visual que causarão, tendo em vista a previsão do apoio publicitário, quando da
implantação das emendas. Bobagens! O Prefeito não tinha outros argumentos e
colocou esses.
Eu
sugiro que o Prefeito tenha a oportunidade de examinar, porque tem 110 pontos
fixos. É claro que não podemos construir um módulo, como tem a Brigada Militar
- é uma casinha chamada de módulo, na Rua da Praia; na Vigário José Inácio, não
tem lugar. Não cabe, Sr. Prefeito, cada caso é um caso. V. Exa. examina, defere
ou não.
Eu,
por exemplo, na minha rua, Rua Pedro Ivo com a Lucas de Oliveira, sempre o Ver.
João Dib me dá a cota e afastamento, eu me perco, e ele me dá a cota e o
afastamento. Quando a “Pedro Ivo” vai bater na “Lucas de Oliveira”, há ali uma
série de motoristas que fizeram uma casa de fortuna, e se alimentam ali,
resistem às intempéries. Mas é claro, eles estão lá, precisam; por que negar
isto? Ora, Sr. Prefeito, o senhor examine cada caso é um caso E V. Exa., com o
bom senso que lhe caracteriza, defere ou não. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a matéria.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Projeto de Lei do Ver. Elói Guimarães, vetado por S. Exa, o Senhor Chefe do
Executivo Municipal, após ter sido aprovado por essa Casa por 22 votos, me
encanta. Desde logo, a primeira palavra escrita nesse Projeto já é o suficiente
para me motivar a lutar pela sua manutenção até às últimas conseqüências. Diz o
Vereador na sua primeira palavra, “fica permitida”. Ora, afinal estão
aparecendo leis nesta Casa que não proíbem mais nada, pelo contrário, fazem o contrário,
permitem que determinadas situações sejam reguladas no Município e que possam
sob o controle da municipalidade serem administradas no Município de Porto
Alegre. É sábio o Projeto do Ver. Elói Guimarães, que diz no seu Parágrafo
Único o seguinte: “os permissionários do serviço de táxi, através do supervisor
do ponto fixo, deverão solicitar ao poder concedente, que é a Prefeitura,
licença para a instalação das cabines protetoras, indicando, se for o caso, a
empresa de publicidade responsável pela sua comercialização”. Diz mais o
Projeto, no seu Artigo 3º: “O poder concedente estabelecerá a forma, as
dimensões, as cores e o material empregado nas cabines, com observância às
normas da Lei Complementar nº 12, de 7 de janeiro de 1975 e da Lei nº 7.234, de
19 de janeiro de 1993, visando a sua padronização e adequação aos locais de
instalação”.
Sr.
Presidente, não cabe esse raciocínio em contrário, de que vai prejudicar os
pedestres, a visão dos motoristas, porque o Vereador não é dono da verdade,
teve uma idéia brilhante, como disse o Ver. Pedro Américo Leal: “Simples, tão
simples que ninguém pôs em prática”. Na sua sensibilidade de homem que vive a
realidade da Cidade, seus contatos com a categoria dos taxistas, buscou regular
uma situação que se transformou polêmica em Porto Alegre, sem necessidade
nenhuma e que, agora, quer se fazer uma polêmica maior ainda. A minha querida
amiga, Vera. Helena Bonumá, lamentou que nós não tivéssemos discutido esta
matéria, e o Ver. Juarez Pinheiro, diligente e inteligente como é, já disse que
pode ter sido uma falha nossa. Não foi falha, essa matéria passou tranqüila na
Casa; só agora, diante do Veto do Sr. Prefeito, que algumas vozes aparecem para sustentar este Veto, que não tem
maior consistência. Foram três anos de discussão, essa matéria é de 1996, nós
estamos no ano de 1999, Vera. Helena Bonumá. Houve tempo mais do que de sobra
para discutir essa matéria, todas as Comissões votaram favoravelmente à
aprovação do Projeto. O próprio Ver. Antonio Hohlfeldt, que é um Vereador
extremamente cioso, na Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, disse:
“No caso, o entendimento à inorganicidade não se sustenta na medida em que não
se pode considerar desobediência à Lei Orgânica do Município de Porto Alegre
autorização dada aos permissionários para a construção de cabines de proteção
nos pontos fixos, em relação ao bem-estar da população, uma vez que os taxistas
que prestam um serviço altamente qualificado também são cidadãos que trabalham,
muitas vezes, 14 e até 16 horas por dia em seus táxis, e sofrem restrições dos
bares, lancherias e até de postos de gasolina quando necessitam utilizar
sanitários - a menos que gastem nesses estabelecimentos qualquer valor. Além
disso, a contrariedade ao interesse público não se justifica, pois, nos locais
de pontos fixos em que não haja condição material de instalar o equipamento,
não será instalado. Não se pode entender como alegação o “livre trânsito” dos
cidadãos em nossas ruas e calçadas, hoje abarrotadas de camelôs, chaveiros,
bancas de revistas, sapateiros, fruteiras,” etc., etc.
Então,
Ver. Elói Guimarães, eu, por filosofia, já era favorável ao Projeto de V. Exa.
e agora o sou por justiça. V. Exa. teve a paciência de aguardar que, por três
anos, a Casa discutisse. Depois de três anos de maturação, este Projeto foi
aprovado com 22 votos favoráveis. Vê-lo rejeitado agora, reduzido a uma mera
idéia, a que se propõem os nossos bravos e diligentes colegas do Partido dos
Trabalhadores, a rediscuti-lo com o Executivo, é, no mínimo, ser injusto com V.
Exa.. Não quero ser injusto com V. Exa., porque, sendo injusto com quem trouxe
à Casa uma proposta de tamanha clarividência, é ser injusto com o trabalho do
Legislador desta Cidade, que não pode ser vetado sistematicamente apenas
porque, com inteligência, contorna um dispositivo legal e oferece à Cidade uma
solução tranqüila, recomendável e, sobretudo, judiciosa. Tem V. Exa., Ver. Elói
Guimarães, o meu compromisso de lutar pela manutenção do projeto e rejeição do
veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Guilherme Barbosa
para discutir o PLL nº 127/96.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em
outras ocasiões já disse desta tribuna que voto sempre contra os projetos
autorizativos. Para mim, um projeto autorizativo - e este é um deles - é, na
verdade, um Pedido de Providências, que o Prefeito faz se quiser e, portanto,
não tem a força da lei. Voto assim em qualquer situação. E este é uma delas.
No
entanto, não há como negar o mérito do Projeto e a preocupação do Ver. Elói
Guimarães para dar melhores condições de trabalho aos taxistas da nossa Cidade.
Tanto é assim que este Vereador, atualmente Líder da Bancada do PT, em nome do
Prefeito Municipal Raul Pont, trouxe a mensagem ao Ver. Elói Guimarães, para
que ele pudesse aceitar o Veto a este Projeto e, em seguida - com o compromisso
do Sr. Prefeito -, nós construirmos outro Projeto que não tivesse alguns
problemas como os aqui já citados pelos Vereadores da nossa Bancada.
Infelizmente, não logramos êxito, apesar da excelente relação que temos com o
Ver. Elói Guimarães - e que será mantida -, para que nós construíssemos um
Projeto que fosse aplicável. Este tem problemas; além daqueles já ditos na
questão da Região Central e assim por diante. Vou citar um outro, o parágrafo
único do artigo 2º, que diz: “Os permissionários do serviço de táxi, através de
supervisor do ponto fixo, deverão solicitar ao poder concedente licença para
instalação das cabines protetoras, indicando, se for o caso, a empresa de
publicidade responsável por sua comercialização”. Nós acabamos de aprovar a
lei, de autoria do nosso companheiro Clovis Ilgenfritz, o PLL nº 155, que
recebeu Veto Parcial do Sr. Prefeito em outro artigo, que diz no seu artigo 19:
“os elementos do mobiliário urbano - e esse será um - somente poderão ser
utilizados para veiculação de anúncios através de permissão decorrente de
licitação pública”. Então, pela legislação recentemente aprovada, não tem como
o Sindicato propor ao Poder Executivo qual a empresa que vai fazer propaganda
nesses equipamentos. Então, é mais um problema legal. Termina indo contra uma
lei recentemente aprovada.
Em
resumo, esta é a nossa posição: consideramos importante o mérito do Projeto.
Houve reunião da nossa Bancada, levamos várias horas discutindo isso, uma
possibilidade de negociar com o Ver. Elói Guimarães, levamos essa perspectiva
ao Sr. Prefeito, que também aceitou os nossos argumentos, mas que teríamos que
melhorar o Projeto, resolver problemas legais do Projeto porque, do contrário,
esse Projeto, mesmo que a Câmara venha a derrubar o Veto - espero que não -,
fica impraticável a sua utilização e a sua implementação. É um projeto
autorizativo, há problemas na região central da Cidade e agora há essa clara
ilegalidade do ponto de vista da publicidade.
Portanto,
fica mantida a posição do Sr. Prefeito de que nós construiremos, conjuntamente,
um outro projeto para superar todas as questões aqui levantadas. Esse é um
compromisso do Sr. Prefeito, repito, que nos telefonou e pediu para colocarmos
isso ao Ver. Elói Guimarães. O chefe de gabinete do Sr. Prefeito telefonou para
o Vereador e, portanto, poderemos ter, de fato, um final feliz para esse
processo.
Assim,
mesmo que a Câmara venha a derrubar o Veto, é uma lei que terá muita
dificuldade para ser implementada. Portanto, é como se não adiantasse nada. É
melhor que tenhamos um projeto, uma lei que seja para valer. É este apelo que
ainda faço ao Ver. Elói Guimarães, e a toda a Câmara, para nos ajudar a
derrubar o Projeto, a manter o Veto e construir, de fato, um outro projeto, uma
outra lei para ser implementada. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco se inscreve e cede o
seu tempo ao Ver. Elói Guimarães. (Pausa.) O Ver. Elói Guimarães está ausente.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a par
do imenso mérito do Projeto, eu, como Vereador, penso exatamente o contrário em
relação aos argumento dados nas razões do Veto.
Quanto
ao problema da locomoção no espaço físico da Cidade, cento e dez pontos de táxi
na Cidade, e por serem as construções puntiformes, certamente, não irão
atrapalhar em nada ou quase nada a circulação de pessoas.
E
quando se fala em deficientes físicos, se há alguém que pode ajudar os
deficientes físicos sob todos os aspectos, inclusive, na acolhida, no uso de
sanitários e na proteção é, indiscutivelmente, o motorista de táxi. Por outro
lado, alega-se o problema dos deficientes físicos, a limpeza das barreiras
arquitetônicas e anunciam-se cento e quarenta rampas, são tantas as rampas
pedidas e é tanta a indiferença em relação a esse pedido que até hoje os
deficientes estão sem essas rampas. Nós almejamos que sejam imediatamente
construídas.
A
saturação da região central não se dá por equipamentos que venham a resolver
problemas das pessoas e, sim, pelo grande número de camelôs e de bancas de
revistas que, na verdade, poluem a possibilidade de passagem das pessoas;
jamais algo de tanta utilidade, tão protetor quanto as cabines propostas.
Parece-me que o problema dos riscos com a colocação dessas cabines,
atrapalhando a visão dos condutores, não é real, pois elas estarão colocadas
nas calçadas, em local discreto. Eu não concordo com nenhum desses argumentos
aqui e penso que as razões de Veto não têm nada a ver com um projeto tão
simples e competente. Aqui está escrito: “Contrário ao interesse público”, isso
é o inverso do que eu penso, porque o projeto é a favor do interesse público.
Se
há alguma pessoa com fidalguia e que compreende a sua importância dentro da
sociedade é o motorista de táxi. Ele sabe que, se houver uma cabine e alguma
pessoa necessitar, sob qualquer forma de uso, será o primeiro, fidalgamente, a
oferecer. Não é uma coisa de uso exclusivo do motorista de táxi, a população
irá usufruir também, mas é fundamental que o motorista de táxi tenha todo o
apoio e conforto no seu trabalho. Esta é uma forma de lhe dar conforto. Agora,
negar isso aqui será negar conforto e apoio à sociedade, mas, principalmente,
negar o mérito desse Projeto sob a alegação de ser contrário ao interesse
público, por esse motivo a Bancada do PSDB, certamente, vai votar a favor, e eu
não estou encaminhando a matéria. Mas é tão óbvio, tão competente e
indispensável esse tipo de cabine, que já deveria há muito tempo ter sido feita
na Cidade.
Por
isso, acredito que a unanimidade dos Vereadores irá votar a favor. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir. Ausente. Com a palavra o Ver. João Carlos Nedel para discutir.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Projeto do Ver. Elói Guimarães, segundo as palavras do Ver. João Bosco, meu
colega, participante da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, contribuirá
para a melhoria das condições a que se expõe uma parcela significativa dos
taxistas em nossa Cidade.
Tem
razão o ilustre Ver. João Bosco. Tanto que os taxistas, através de seu
Sindicato, aprovam e aplaudem a idéia.
Ora,
Srs. Vereadores, ilustre Ver. Pedro Américo Leal, dizer que o Projeto precisa
ser melhor discutido é, de fato, uma demonstração de que não está a par que o
Projeto encontra-se na Casa desde o dia 08 de agosto de 1996, há dois anos e
meio. As alegações da Bancada do Partido dos Trabalhadores não têm razão de
ser, porque dois anos e meio é tempo suficiente para discutir e debater um
projeto.
O
ilustre Ver. Pedro Américo Leal tem toda a razão, quando diz que as guaritas
são importantes para o conforto e para a segurança dos motoristas.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, chega de discussão,
vamos agir.
Não
sei o porquê, não sei o motivo, normalmente, o Partido dos Trabalhadores vota
contra os taxistas. Acho que, por isso, o Sr. Prefeito merece a derrubada do
Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLL nº 127/96.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver.
Elói Guimarães, dirijo-me a V. Exa.,
que é o autor desse Projeto de Lei, cumprimentando-o, porque com esse Projeto
V. Exa. está melhorando o serviço de táxi da Cidade e melhorando a condição dos
taxistas, que oferecem esse trabalho. Acredito que essa é nossa grande função
como homens públicos: trabalhar para que a relação existente entre prestadores
de serviços, permissionários e a população seja sempre a melhor possível. O que
V. Exa. quer é que esse profissional, o taxista, possa ter melhores condições;
tendo melhores condições no seu trabalho poderá, então, oferecer melhores
serviços.
O
taxista é um permissionário; a relação dele com o Município prende-se no
trabalho que ele faz com seu táxi. A relação do taxista com o Município é
puramente no serviço que ele presta com o táxi. Aquele ponto fixo, onde ele
presta o serviço e onde ele compra o direito de ali participar, já está fora
dessa relação que ele tem com o Município. A permissão que ele recebe é para
prestar serviço de táxi. Se isso é verdade, é falso o argumento utilizado desta
tribuna, e que está embasando as razões do Veto, de que a propaganda que seria
colocada nas casinhas, teria que ser licitada e de que não poderia ser
escolhida pelos próprios taxistas, que iriam administrar e ser os responsáveis
por essa propaganda, porque aquela casinha não faz parte da permissão que o
taxista tem do Município para prestar o serviço. A permissão é para que ele
tenha o seu carro e que faça do seu carro o melhor serviço possível para o
transporte de passageiros. Porém, essa casinha não faz parte dessa relação; se
não faz parte da relação, então é de livre administração daqueles que são os
interessados em ter o ponto fixo. O que é o ponto fixo, Ver. Guilherme Barbosa?
O ponto fixo, de acordo com a Legislação, não pode existir na região central da
Cidade. As áreas centrais da Cidade não têm pontos fixos. Então, uma das
preocupações levantadas por V. Exa., e por outros Vereadores, é de que o Centro
da Cidade poderia sofrer problemas com o tráfego, com o ir e vir de pessoas.
Essa preocupação desaparece, porque ponto fixo não existe nas regiões centrais
da Cidade, é proibido por lei. Esse ponto fixo, na verdade, vai existir onde?
Nos bairros, nas regiões que fogem do perímetro central. O taxista, para fazer
parte desse ponto fixo, tem que praticamente comprar o direito de pertencer ao
ponto fixo, por isso mesmo ele tem um telefone que está à sua disposição para
que a comunidade, a sociedade, possa entrar em contato com ele para poder
chamá-lo, de acordo com o interesse do usuário do transporte por táxi. Ele
quer, e V. Exa quer, representando a vontade do taxista, apenas que seja ali
construída uma casinha. Ora, a casinha não tem nada a ver com a relação dele
com o Município. O Município, claro, tem que permitir a construção, porque a
casinha seria levantada em um espaço público, vai ser no leito da calçada. E o
que V. Exa pede aqui é que o Município permita que esse taxista possa levantar
essa casinha. Agora, o resto, a administração dessa casa, como que ele vai agir
dentro dessa casa, a publicidade que ele vai ter para manter essa casa, isso já
foge da relação primeira que foi levantada aqui, Ver. Juarez Pinheiro. V. Exa.
que é um “expert” em direito
administrativo, foge da relação primeira que o taxista tem com o Município, que
é essa permissão. O taxista recebe essa permissão para poder fazer o trabalho
de apanhar o seu passageiro e levá-lo, confortavelmente, à região que ele
quiser ir.
Vera.
Tereza Franco, eu quero agradecer a V. Exa., que se inscreve para ceder-me o
seu tempo, mas outros Vereadores também querem discutir a matéria, e se, mais
tarde, V. Exa. mantiver sua inscrição, certamente, irei discutir novamente a
matéria. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não
pretendia discutir essa matéria, porque eu disse que, se todas as Comissões da
Casa rejeitaram o Veto, na forma do Regimento, não havia o que discutir. No meu
dicionário, que já foi usado no dia de hoje, proposição é o ato ou efeito de
propor. E o Prefeito propôs o Veto, como poderia ter proposto um projeto. E
aqui diz: “Se o Prefeito julgar o Projeto, no seu todo ou em parte,
inconstitucional, inorgânico ou em contrário ao interesse público, vetá-los-á
total ou parcialmente, dentro de 15 dias úteis, contado daquele que os recebeu,
devolvendo o Projeto ou parte Vetada ao Presidente da Câmara Municipal, dentro
de 48 horas”. Ele devolve, portanto, o projeto vetado. O que é que diz aqui: “A
proposição que receber Parecer contrário de todas as Comissões, pelas quais
tramitou, será tida como rejeitada e será arquivada”.
Então,
não tinha o que discutir, mas eu preciso colocar duas coisas: a primeira, é que
fiz uma pequena confusão no ponto fixo, ponto fixo é aquele que tem telefone e
que está no bairro e não no Centro da Cidade, portanto até o problema que
levantei, porque eu conheço as pessoas que estacionam na maioria das vezes na
Rua Senhor dos Passos com a Rua Voluntários da Pátria, não está valendo. Mas o
que me aborrece profundamente é a incompetência, e não posso admitir que o
Prefeito gaste páginas e mais páginas para incompetentemente fazer um veto.
Ademais, a Lei Orgânica também preceitua em seu Art. 9º como dever do Município
promover o bem estar dos seus habitantes, e ao permitir a colocação de cabines
protetoras em todos os pontos fixos de táxis do Município estar-se-á colocando
em risco a segurança da população na medida em que a visibilidade dos
condutores de veículos automotores já estará prejudicada no cruzamento de vias
em que estiverem postas tais cabines. Ora, estamos perdendo tempo aqui
discutindo a incompetência da Prefeitura. Estou lembrado que, quando vetaram as
paradas de lotações, eu ajudei a aceitar o veto, porque se faria um novo
projeto, fiz uma emenda naquele Projeto, uma única emenda, o Código Nacional de
Trânsito dizia que lotação deveria estar parada a dez metros do alinhamento
predial, era a lei, eu emendei a lei, mas os doutos da Secretaria Municipal dos
Transportes disseram que era seis metros e a Bancada do PT acompanhou os doutos
dessa Secretaria, e a minha emenda não foi aprovada. Agora, esta aqui do
Prefeito, ele escreve, ele assina e não lê? Já vetei algumas coisas, quando
prefeito, e eu lia, corrigia.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu até admito que V. Exa., quanto ao mérito, tenha
discordância do Senhor Prefeito Municipal, mas V. Exa. que foi Prefeito
Municipal, basicamente duas questões deve verificar: em primeiro lugar,
trata-se de um projeto autorizativo, não tem como esconder isso, ou “permitir”
está no seu dicionário e “autorizar”; em segundo lugar, infringe as disposições
do Art. 94, Inciso 12 da Lei Orgânica que V. Exa. sempre tem junto a si. Dizer
que esse Projeto não é inorgânico, V. Exa. foi Prefeito, com a máxima vênia,
não é possível. Muito obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, eu acho que quando V.
Exa. estava lá, o Prefeito vetava melhor. Eu estou reagindo contra essa
colocação do Prefeito de que, segundo ele, é contrário ao interesse público. O
que faz a Secretaria Municipal de Transportes? Não é ela que vai ter de
respeitar a distância do alinhamento, que agora não chamam mais de alinhamento
predial, mas de cordão da calçada, ou seja, a distância de 5 m. Não tem como
ser válido um parágrafo inteiro que o Prefeito usa para dizer que é contrário
ao interesse público.
Eu
vou fazer o que pensei que já estava feito, porque todas as comissões
rejeitaram o Veto, que é uma proposição do Sr. Prefeito e que não tem razão
maior de ser. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
praticamente ocupamos a tarde inteira discutindo esse Veto. Vendo as razões do
Prefeito, quando ele coloca o direito de ir e vir, faço alguns questionamentos.
Em
primeiro lugar, já foi dito pelos Vereadores que a área que traz mais conflitos
em Porto Alegre é a área central. Está bem claro que nessa área não existe
ponto fixo. Nenhuma dessas casas será construída no perímetro central. Vamos
ver como está o perímetro central hoje em Porto Alegre: praticamente, em cada
esquina temos uma banca de revistas ou um pequeno estabelecimento para fazer
chaves, os ditos chaveiros. Isso também dificulta o direito de ir e vir, porque
diminui o espaço na calçada. Nos bairros é comum, e cada vez mais está
proliferando, a construção de pequenas casas, ou peças, especificamente com
relação à questão de segurança. Ou seja, há a segurança de uma rua e lá, de uma
hora para outra, surge uma casinha, inclusive em alguns lugares com calçadas
diminutas, que não tem nem como uma pessoa passar. Até hoje não vi ninguém do
Município ir lá e retirar a casa. Eu pergunto por quê? Isso é visual. Basta
andar pelas ruas de Porto Alegre, nos bairros, que vamos perceber isso. Além
disso, o que está colocado aqui é facultativo, não diz expressamente que é
obrigado a construir. E o Município vai ter “n” argumentos para isso. Em
calçadas pequenas, certamente não serão permitido; em praças, já está bem
claro. Além disso, o Município pode relocar o ponto fixo. Se estiver
atrapalhando, o Município pode fazer com que esse ponto fixo fique a cinqüenta
ou a cem metros, isso também não vai dificultar.
Mas
temos que pensar no outro lado. Esses pontos fixos dos bairros prestam um
serviço muito grande, porque são referenciais. Eles não só ajudam na questão do
transporte, mas os taxistas ajudam muito na questão da própria segurança. E
esses pontos, quase todos já têm o seu telefone. E se olharmos o guia
telefônico de Porto Alegre, está bem claro: “Ponto de Táxi”, e diz, embaixo, o
nome do permissionário que é detentor do telefone.
Isso,
na realidade é um momento que o Município de Porto Alegre tem para adequar e
regularizar essa situação. Volto a insistir que a maior preocupação que poderia
ter, que é o Centro de Porto Alegre, onde existe um contingente muito grande de
pessoas, está descartada.
Por
exemplo, na Oscar Pereira, o direito de ir e vir das pessoas não existe, porque
elas não têm nem como circular, porque não existe calçada. Certamente, lá na
Oscar Pereira não vai haver ponto de táxi.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, na Oscar Pereira conhecemos dois pontos de
táxi: um no Divina Providência; o outro, fica num posto de gasolina, na esquina
da Aparício Borges com a Oscar Pereira. Nos dois lugares existe espaço mais do
que suficiente para se manter uma casinha.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: No nosso entendimento, na justificativa
do Veto faltou um convencimento maior. Por isso que entendemos que com a
reivindicação do Ver. Elói Guimarães os taxistas vão lucrar, pois terão um
lugar para a melhoria do seu conforto, porque essa questão dos sanitários é uma
questão que me preocupa, e muito, não só com os taxistas, mas também com os
motoristas de ônibus que na “Salgado Filho”, por exemplo, é um grande problema
que os comerciantes enfrentam. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz se inscreve e cede
o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
viria à tribuna não fosse algumas colocações, tratando-se de uma matéria que
foi vetada. Na minha opinião, temos que discutir até a exaustão. Primeiro, para
dizer que o dispositivo invocado pelo ilustre Ver. Juarez Pinheiro, no art. 94,
parágrafo 12, não encarta a espécie ora em debate, porque diz o seguinte: (Lê.)
"Das atribuições do Perfeito. Compete privativamente ao Prefeito -
parágrafo 12: administrar os bens" Sublinho: “administrar os bens”. Se
assim não entender, vedado ao Vereador colocar nome em logradouro público,
porque o logradouro público é bem público. É da administração do Prefeito
Municipal a rua, a praça, o Vereador não pode dispor, legislar sobre a matéria.
Sobre esse aspecto, gostaria de dizer que a matéria não é inorgânica.
A
segunda questão, também trazida pelo Ver. Guilherme Barbosa, fala em lei
existente. Gostaria de dizer a V. Exa. que uma lei revoga outra lei. Isto é do
Direito. Se não fosse bastante essa afirmativa, diria que vale pela exceção.
Essa Lei excepciona quando se tratar de abrigos para taxistas. Outra questão
trazida, chamo a atenção, tentou-se dizer que o Projeto era autorizativo.
Absolutamente, não é autorizativo, porque um projeto autorizativo é aquele que
entrega à deliberação, ao livre alvedrio, à livre disposição do Sr. Prefeito em
dispor ou não. Este é absolutamente não.
Agora,
não aceito a censura vernacular, literal. Existem muitas maneiras de se dizer
as coisas. ”Ficam os permissionários do serviço de táxis de Porto Alegre
autorizados a instalar cabines protetoras ”, é uma forma de se colocar, porque
poderia ser outra, como: permite, autoriza. Agora, o conteúdo da matéria é que
é importante; o conteúdo não é de matéria autorizativa.
O
Ver. Pedro Américo Leal me pede que eu evolua para essa questão. Eu tenho
dificuldades, porque acho que a lei tem o poder de coerção. Em Barros Monteiro se
aprende que lei que não coage, que não dispõe, é como fogo que não queima e
água que não molha. Então, a lei precisa ter um comando obrigatório, coercitivo
para dispor. Essa matéria dispõe, ela não entrega ao Prefeito Municipal para,
“querendo”, fazer. Não. A
terminologia, a literatura, o vernáculo aí empregado dá-se da maneira como o
autor se expressa - permite, autoriza, etc. Isso não significa dizer com o
conteúdo da matéria. Nós temos que examinar, quando se trata de projeto
autorizativo, mesmo colocando o termo autorizativo, se o conteúdo da matéria
entrega à disponibilidade de o Prefeito Municipal fazer ou não. Essa matéria
não deixa o Prefeito fazer ou não, tanto é verdade que devo dizer e reconhecer
que houve gestões para que eu pedisse que não se vetasse a matéria, porque
encontra, o Prefeito Municipal, nesta matéria, um comando, uma obrigação em
dispor.
Existem
pontos fixos nesta Cidade, mas no Centro não existe. O ponto fixo passa por
pré-requisitos, um dos pré-requisitos é o telefone. Então, o que nós temos que
fazer é dar dignidade ao ponto fixo do taxista na Cidade de Porto Alegre.
Fazendo isto, nós estaremos dotando a Cidade de boa administração, porque
interessa em última análise, atender à população, ao usuário. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
matéria, ao nosso ver, está suficientemente amadurecida. O mérito da idéia é
bom, porque melhora a qualidade da vida da Cidade, na medida em que melhora as
condições de trabalho dos prestadores de serviço. E os permissionários de táxi,
aqueles que dirigem, os profissionais do táxi, são, rigorosamente, figuras que
compõem o panorama urbano da Cidade na condição de prestadores de serviço. A
Lei, basicamente, permite a construção de cabines protetoras nos pontos fixos
de táxi no Município, que são mais de cento e quarenta pontos. Permite-se em
determinada área da Cidade a implantação de determinados tipos de atividades,
em outras áreas não se permite, por serem áreas puramente residenciais.
Projeto
autorizativo não tem nada a ver com este Projeto. Projeto autorizativo é aquele
que defere ao Prefeito fazer ou não fazer algo. Então, se aqui na Câmara
surgisse um projeto que dissesse: “Fica o Executivo Municipal autorizado a
construir cabines protetoras”, aí sim, estaríamos frente, Ver. Luiz Braz, a um
projeto de natureza autorizava. Ao Prefeito se deferiria a faculdade de
construir ou não as cabines protetoras nos pontos fixos de táxi. Querer fugir
dessa interpretação é rigorosamente tentar inverter e criar um tumulto de
natureza semântica. Não há necessidade para um tipo de discussão dessa natureza
de se invocar dicionários, de trazer a interpretação do que é “permitir”, do
que é “autorizar”, porque essas palavras têm que ser compreendidas dentro do
contexto global da frase. Esse Projeto estabelece que fica permitida a
construção de cabines protetoras nos pontos fixos de táxi do Município. A quem
compete? Os permissionários daquele ponto têm autorização do Poder Público para
construir, portanto não é autorizativo. Repetimos mais uma vez que autorizativo
seria se, no dispositivo do Projeto de Lei, estivesse contida a expressão “Fica
autorizado o Sr. Prefeito Municipal a construir cabines protetoras nos pontos
fixos de táxi do Município”. É simples, é muito claro.
Essa
Lei, Ver. João Dib, é clara, concisa e é simples, portanto de fácil
aplicabilidade e, rigorosamente, temos que melhorar a qualidade de vida dos
prestadores de serviço, em via de conseqüência, melhorar a prestação do serviço
na Cidade de Porto Alegre, portanto melhora a qualidade de vida dos cidadãos.
Há tantos outros obstáculos, isso sim, que irregularmente ocupam espaços nas
vias públicas e que se encontram nas vias públicas por absoluta omissão do
poder de natureza fiscalizatória do Executivo Municipal. Não vou me referir ao
Centro; agora vivemos uma expectativa de melhorias das condições do Centro, mas
que ainda falta muito a se implementar, mas, pelo menos, há uma expectativa
nesse sentido.
Queremos
aqui, portanto, enfatizar que a proposição é afirmativa. A proposição de
implantar cabines protetoras em pontos fixos de táxi foi vetada pelo Prefeito e
todas as Comissões rejeitaram o Veto do Prefeito e retomaram a natureza
propositiva do Projeto do Ver. Elói Guimarães, que possibilita aos próprios
permissionários do ponto fixo colocarem ali uma cabine protetora ou não. A eles
é que compete a avaliação se colocam ou não a cabine.
Portanto,
o Projeto tem mérito, é de qualidade e devemos, nesta tarde, iniciar o conjunto
de avaliações de derrubada de vetos, porque, fora o que foi acordado, todos os
vetos deverão ser derrubados durante este período legislativo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação o PLL
nº 127/96. O Ver Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, penso
que está demarcado o debate, e as razões todas de ambos os lados foram trazidas
ao debate. E a matéria está devidamente instruída e apta a receber a decisão da
Casa. Eu quero fazer aqui um apelo, no sentido de que rejeitemos o Veto, porque
se trata de um Projeto simples, muito simples, que não é criação deste
Vereador. O Vereador não cria, ele reflete o anseio da comunidade, o anseio do
povo, o anseio das categorias. E o que eu apenas representei, senão um
instrumento representando os anseios da categoria dos taxistas para que estes
tenham um pouquinho de dignidade? Volto a frisar: é um serviço de utilidade
pública, que não tem nenhum estímulo da municipalidade. O que é que os taxistas
têm do Município? Nenhum estímulo. Sabemos que o transporte coletivo tem, este
tem. Outros setores de atividade no transporte têm, mas o taxistas não têm
nada.
Então,
é a oportunidade através deste Projeto para que aos seus esforços ele tenha um
pouco de dignidade, e tenha uma cabine, um abrigo compatível com a suas
necessidades fisiológicas, evitando que, em muitas ocasiões, ele não seja
constrangido, à beira do boteco, do armazém, a solicitar para utilizar o
sanitário. É o mínimo que estamos entregando, estendendo a esta categoria
laboral importante da Cidade de Porto Alegre, que são os taxistas.
Neste
sentido, peço a rejeição do Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar pelo PT, tem a palavra o
Ver. Juarez Pinheiro.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Preciso, neste encaminhamento, fazer duas preliminares. A primeira, para dizer
que ao debater com o Ver. Elói Guimarães a questão de oportunidade e legalidade
deste Projeto o faço com a tranqüilidade de quem sozinho defendeu a proposta de
V. Exa., e até V. Exa. queria que fosse retirado e eu queria que permanecesse,
quando, na ocasião se discutia a Lei Orgânica na questão da substituição do
Prefeito Municipal e do Vice na sua ausência. Então, faço com a tranqüilidade
de que não há nenhuma inflexão no sentido de ir em desdouro à proposta de V.
Exa. Isto é desnecessário dizer, mas quero frisar neste momento.
Em
segundo lugar, reconhecer, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a
importância destes trabalhadores, esses permissionários do serviço público de
locomoção individual em nossa Cidade. Quero, por exemplo, ressaltar uma atividade
pouco ressaltada que esses profissionais exercem, e que diz respeito à própria
segurança que eles proporcionam nos locais onde têm esses pontos fixos para
embarque e desembarque de passageiros. E a relação fraterna e solidária que
eles estabelecem com a população do entorno. Sou testemunha de várias
situações, inclusive no local onde eu moro, da perfeita relação que existe
entre os permissionários e a população.
Mas
não posso, também, descuidar da responsabilidade que nós temos enquanto
legisladores municipais, não posso deixar de ressaltar os aspectos de
ilegalidade do Projeto e de que o Executivo, neste caso, tentou várias vezes
conversar com o Ver. Elói Guimarães, no sentido de que se buscasse uma proposta
que viesse ao encontro do interesse desses trabalhadores e que preservasse a
questão da legalidade de proposta.
O
Ver. Elói Guimarães, com seu poder de diálogo, de discurso, herdado do Dr.
Brizola e das lides forenses e com a empolgação que lhe caracteriza, buscou
passar ao Plenário que essa proposta era legal e orgânica. Não podemos
concordar com o Ver. Elói Guimarães, até porque a interpretação do art. 94,
Inciso XII precisa ser conjugada com as disposições do Inciso III do mesmo
artigo da Lei Orgânica.
Nesse
sentido, queremos equacionar essa questão, chamando a atenção dos Srs.
Vereadores. Reconhecemos o mérito da proposta, Ver. Elói Guimarães, mas
queremos ter um tempo para que o Vereador, juntamente com a categoria e com os
demais Vereadores interessados, possa sentar-se com a municipalidade para discutir
um projeto que seja adequado e exeqüível.
Essa
de dizer que no Centro não há pontos fixos, Ver. João Dib, pergunto-lhe: V.
Exa. considera que é ponto fixo, ou não, a “Washington Luiz”, a “Demétrio
Ribeiro” e a “Borges de Medeiros”?
Queremos,
aqui, em nome da Bancada do PT chamar a atenção do mérito da proposta, mas
entender que, no afã da disputa política de derrubar um Veto do Sr. Prefeito,
podemos prejudicar a categoria, porque a proposição, claramente, investe contra
a Lei Orgânica, tem vícios e esse encaminhamento, assim dado, poderá vir de
encontro, contrário, aos interesses da categoria. Pode ser bom momentaneamente
para contabilidade, a derrubada de um Veto, mas, com certeza, não soma para que
venhamos resolver uma questão importante e merecida por parte dos
trabalhadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Bancada do PSDB encaminha favorável ao Projeto e contrária ao Veto. Permitam-me
aqui registrar a discordância em relação ao Ver. Juarez Pinheiro. Não se trata,
de fato, nem de afã e de paixão política, não de nossa parte. Se ocorrer, Ver.
Juarez Pinheiro, é apenas o reflexo de um afã e de uma paixão política que também se encontra no Executivo.
Se
examinarmos o conjunto de vetos que estão sendo colocados aí, é muito claro, a
maioria destes são de Vereadores de oposição, são de quem não é “amigo do rei”,
daqueles que, em nenhum momento, são procurados para discutir verdadeiramente.
A discussão que, normalmente, o Executivo e os companheiros do PT têm, é assim:
“Olha, nós propomos isso. Está de acordo, a gente discute, se não está de
acordo, então é pau!”
Na
verdade, não é discussão. Discussão pressupõe que avancemos um pouco e recuemos
outro pouco. Esse tipo de discussão não existe, com raras exceções dos
companheiros. Até posso dizer que, do ponto de vista pessoal, o Ver. Juarez
Pinheiro é um dos Vereadores com quem nós temos condições de ter uma discussão.
Agora, não é esse o comportamento do Executivo. E aqui, Vereador, estou me
referindo, sobretudo, ao Executivo.
Vou
dar o exemplo da minha Emenda da APAE, que discutiremos daqui a pouco. O
presidente da APAE cansou de falar com o Executivo. Impossibilidade técnica em
relação à Emenda? É brincadeira, falta de respeito. Mas é do Ver. Antonio
Hohlfeldt, Líder do PSDB.
A
mesma coisa aqui, o Ver. Elói Guimarães que, por tantas vezes, colaborou com o
Executivo, ousou pensar com a cabeça própria. Eu vou dar um exemplo aqui que eu
não sei como o Ver. Juarez Pinheiro e o Executivo irão explicar. Por que não
pode ter cabine fixa para motorista de táxi e pode ter para guarda particular
de condomínio em plena calçada? Em todas as zonas nobres da Cidade as casinhas
estão lá, só não enxerga quem não quer.
Por
que discriminar o motorista de táxi em relação a outros profissionais? E vejam,
não quero com isso que se tirem as casinhas desses homens que passam a noite
inteira cuidando de bairros da Cidade de Porto Alegre, pelo contrário.
Vou
dar um exemplo, Ver. Elói Guimarães, em que sou parcialmente responsável, e
hoje até me arrependo um pouco da situação, não fora a minha consciência, a
reclamação que fiz ao longo de dois anos, na verdade, acabou evitando acidentes.
No
cruzamento da “Sapé” com a avenida onde se encontra o Hospital Conceição, tinha
ali, ao longo de muitos anos, uma casinha de um ponto fixo, que o Presidente do Sindicato conhece. Ao longo de dois ou
três anos pedi, não que a casinha fosse retirada, mas que fosse deslocada de
lugar, porque a casinha não deixava que o motorista que vinha pela “Sapé”
pudesse enxergar o veículo que vinha pela avenida. Obviamente, aquele
cruzamento é complicadíssimo, tanto que agora a “Sapé” passou a ter mão única.
Deslocaram o ponto de táxi para a “Sapé”, há, ali, um imenso canteiro - na
verdade deveria ser uma praça que está abandonada -, um imenso canteiro onde se
poderia fixar a casinha, só que a Prefeitura começou a se negar a fixar a
casinha, e até hoje está sem a casinha. O que é um absurdo, num lugar que não
atrapalha ninguém, não há problema de visibilidade e não coloca em xeque a
segurança do trânsito. Agora, não pode, antes passou anos podendo, porque a
casinha estava lá há anos, nunca foi mexida, nunca foi retirada.
Então,
me parece que é muito simples, a negociação - infelizmente, a gente tem que
aprender na pele - é essa: quando está com eles a negociação é linda; quando
está contra eles a negociação não serve.
Vamos
manter o mesmo comportamento: se há radicalidade do lado do Executivo, a nossa
resposta só pode ser de radicalidade, no sentido objetivo da palavra. Se há uma
questão de fundo do Executivo, de não aceitar nada que venha desta Casa, porque
sempre será, como disse o Ver. Juarez Pinheiro, contrário à Lei Orgânica, contrário a isso, contrário a aquilo.
Aliás, o Gov. Olívio Dutra está dizendo a mesma coisa em todos os vetos que
estão lá para a Assembléia apreciar. É uma questão de princípios.
Então,
também será uma questão de princípio desta Casa, porque é da sobrevivência
dela, é da afirmação do Poder Legislativo. Se o Executivo se nega a dialogar
com os membros do Legislativo, o que vamos fazer? O Legislativo não tem com
quem dialogar, mantém a sua prerrogativa de derrubar o Veto. E a derrubada do
Veto que vamos tentar alcançar na tarde de hoje.
Lamento,
porque política se faz de outra maneira, se pode fazer conversando. Quando o
Presidente da APAE perguntou se eu aceitava negociar, dizia: se V. Sa.
conseguir negociar com o Executivo, eu estou aberto a aceitar; não é por ser
uma emenda minha que faz com que eu bata pé em relação à questão, só que o
Executivo não negociou, e é mais um veto que vamos ter, aqui.
Com
Presidente do Sindicato dos Táxis foi a mesma coisa, não temos saída. Quem sabe
lá, Ver. Elói Guimarães, derrubado o Veto, teremos o equilíbrio e vamos poder
discutir de igual para igual e chegar a um resultado final. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação
o PLL nº 127/96. (Após a chamada.)
APROVADO por 21 votos SIM, 12
votos NÃO, considerando-se rejeitado
o Veto a ele aposto. (Lê.)
“Declaração
de Voto
Votei
pela manutenção do Veto, pelos aspectos inadequados do Projeto, mas reconheço
méritos no mesmo, porém vários pontos devem ser aperfeiçoados.
(a)
Ver. Adeli Sell”
PROC.
1037/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 045/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
obriga os Centros de Habilitação de Condutores – CHCs, sediados no Município de
Porto Alegre, a adaptarem dois veículos para o aprendizado de pessoas
portadoras de deficiência física e dá outras providências.
Parecer
-
da CCJ. Relator Ver. Cláudio Sebenelo: pela manutenção do Veto Total.
Observações:
-
para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art.
77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 045/97, de autoria
do Ver. Paulo Brum.
Requerimento
na mesa que pede adiamento da discussão por uma Sessão, assinado pelo próprio
autor, Ver. Paulo Brum. Em votação o Requerimento de adiamento. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
1268/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
disciplina a venda de tintas em “spray” no Município de Porto Alegre e dá
outras providências.
Pareceres
-
da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela manutenção do Veto Total;
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela rejeição do Veto Total;
- da CUTHAB. Relator Ver. Décio Schauren: pela manutenção do Veto Total;
- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 066/97, de autoria
do Ver. Reginaldo Pujol. O Reginaldo Pujol está com a palavra, para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, toda a
Cidade de Porto Alegre tem assistido a ação negativa que os famosos pichadores
realizam diuturnamente em nossa Cidade - em monumentos, em equipamentos
públicos, em prédios particulares -, numa prática que se acentua e que,
lamentavelmente, não é coibida. Há muito tempo, em abril de 1997, nós
propusemos à Casa um Projeto que disciplina a venda de tinta “spray” no Município de Porto Alegre,
como uma tentativa de procurar, pelos canais adequados e dentro da Lei
Municipal, das competências dos órgãos do Município, tanto Legislativo como
Executivo, iniciar um disciplinamento dessa matéria. A Casa, depois de largo período
de discussão, no final do ano passado, aprovou, por maioria esmagadora, não só
a nossa proposição, como a Emenda nº 1, que havia sido colocada por nós mesmos
e que visava adaptar o Projeto ao estrito limite do poder de polícia e
eliminando inconstitucionalidade apontada pela Procuradoria. Nós eliminávamos o
inciso IV do artigo 2º, que determinava que para a comercialização a que se
refere o artigo anterior, leia-se comercialização de tinta “spray”, deveriam registrar num talonário
especial e, no item quatro, nós estabelecíamos a declaração da destinação do
produto a ser dado pelo usuário, o que foi entendido, pela Procuradoria, como
uma demasia, como inconstitucionalidade.
Hoje
a Casa se debruça com o Veto do Sr. Prefeito Municipal, que alega que a proposição
que apresentamos invade a área privativa da União, a quem cabe legislar,
privativamente, sobre o Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral,
Agrário, Marítimo, Aeronáutico, Espacial e do Trabalho. Estações essas que não
foram, em nenhum momento, atacadas no nosso Projeto de Lei, que se restringe ao
poder de polícia do Município e a capacidade deste de regular as atividades de
comércio no âmbito da sua jurisdição, conforme preceitua o artigo 30 da
Constituição Federal.
Por
coincidência, a Casa, há poucos dias aprovou matéria em que, de forma muito
mais polêmica, discutia-se a competência do Município de regular atividades da
esfera bancária. E o excelso Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, conhecendo
a matéria, decidiu favoravelmente ao Município de Porto Alegre, que nesse caso
foi buscar no Poder Judiciário o respaldo para a chancela que havia dado ao
Projeto de Lei, hábil e tempestivamente proposto pelo Ver. Juarez Pinheiro -
uma das maiores expressões jurídicas desta Casa pelo brilho com que enfoca
esses assuntos.
Estamos,
mais uma vez, tergiversando a respeito de um assunto: seremos nós, os
legisladores municipais, que iremos contribuir para a limitação das nossas
competências ou, ao contrário, seremos nós que buscaremos alargar essas
competências, de tal sorte a levar à exaustão o disposto no artigo 30 da
Constituição Federal? Por isso a matéria que aqui se discute é muito semelhante
às que vêm sendo discutidas na Casa.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Vereador, seu tempo se encerra. O Ver.
Fernando Záchia está com a palavra, mas cede seu tempo a V. Exa.
O SR. REGINALDO PUJOL: Fico grato aos colegas que me permitiram
ficar mais tempo aqui na tribuna, esgrimando alguns argumentos não muito
difíceis de serem apresentados diante de uma realidade concreta que existe na
Cidade. Nas razões de veto - que o Sr. Prefeito alega serem de ordem jurídica e
em contrariedade ao interesse público
-, alega S. Exa. - e fiquei deveras perplexo diante dessa alegação -, que se
criariam exigências demasiadamente gravosas aos comerciantes e seria de
eficácia duvidosa. (Lê.)
“Realmente,
o simples fato de promover o cadastramento dos compradores de tinta ‘spray’,
não coibiria a pichação dos bens públicos e particulares, que é o objetivo do
presente projeto de lei. Ficaria muito difícil imputar a alguém a
responsabilidade pela referida prática nociva pelo simples fato de ter
adquirido a tinta ‘spray’. Não seria possível estabelecer o nexo de causalidade
exigido pelo Código Penal, artigo 13, aplicado a todo tipo de delito, inclusive
ao administrativo, eis que dispõe o referido artigo, que o resultado de que
depende a existência do crime somente é imputável ao que lhe der causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
Essa
lição seria, Ver. Elói Guimarães, despicienda de nos ser oferecida, tanto que
não pretendemos simplesmente, com essa proposição, eliminar o assunto. Não
desconhecemos que a lei ambiental brasileira já comina como crime a prática
desses atos e que se tivermos, pela ação municipal, viabilizado o caminho pelo
qual serão identificados esses infratores, esses delinqüentes, mais viável será
o alcance dos nossos objetivos. Disse que não se alcança, com essa medida - e
nunca tivemos essa pretensão - achar que com a lei municipal iríamos colocar os
pichadores na cadeia ou que fôssemos puni-los com multas pesadas ou que
fôssemos, de qualquer forma, identificá-los e corrigi-los nas suas infrações. O
que se diz é que é um passo para se obter um resultado que a lei já não faculta
obter, a lei já diz que isso é crime e se tivermos, pelo controle,
possibilidade do indiciamento do potencial infrator, certamente estaremos dando
um encaminhamento para a aplicação do dispositivo da lei maior que é a Lei
Federal.
Por
isso eu entendo que são frágeis os argumentos do Sr. Prefeito Municipal que
teve a possibilidade, através de seus representantes, aqui na Casa, ao longo do
debate em torno dessa matéria, de modificá-la - se é que ele tinha o objetivo
de contribuir para a sua melhoria, provado está que não tinha, simplesmente não
gostou da idéia -, mas a Casa, pela sua expressiva maioria, gostou, tanto que
votou favoravelmente à adoção do presente Projeto de Lei e o fez inclusive com
votos altamente qualificados de integrantes da Bancada do PT, também envolvidos
nessa cruzada de atacar esses marginais, delinqüentes por todos os meios. Tudo
que pudermos fazer para cercear a ação desses predadores do patrimônio público,
do patrimônio histórico e do patrimônio privado, tudo que puder ser feito deve
ser feito.
A
população de Porto Alegre saudou a aprovação dessa Lei, foram inúmeros os
comentários favoráveis que surgiram da imprensa especializada e, agora,
derrogá-la, apenas porque ela não agradou ao chefe do Executivo Municipal, será
um retrocesso lamentável que o Legislativo desta Casa irá dar na sua soberania
em decidir o interesse público. A matéria não é inconstitucional, está inserida
na competência do Município, está inserida no Art. 30 da Constituição Federal,
nessas condições ela precisa ser analisada.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn havia se inscrito e
cede o seu tempo a V. Exa. se assim for o seu desejo.
O SR. REGINALDO PUJOL: Vou concluir estabelecendo que eu não
vejo até o presente momento nenhuma razão forte capaz de justificar a decisão
do Veto, por isso, interrompo o meu pronunciamento, agradeço ao Ver. Isaac
Ainhorn, para que esse contraditório se estabeleça . Se ficar no debate essa
contrariedade ao interesse público, que eu não vislumbro, eu evidentemente não
serei ousado ao ponto de teimar com essa iniciativa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há, sem
dúvidas, muitos problemas que reclamam a atenção do Poder Público, que nascem
de aflições, de preocupações, de contrariedades e da desaprovação de nossa
população. Um desses problemas que nos agride, que violenta, lamentavelmente
mal-empregado, um instrumento de utilidade, é o “spray”. Aqueles que têm o mau
hábito de produzir escritos, de lançar palavras e símbolos nas paredes da
Cidade, indiscriminadamente, nas casas, nos muros, nas repartições, nos
monumentos, ferem a sensibilidade dos porto-alegrenses. Nem poderia ser de outra
maneira, porque é uma agressão vil, porque é praticada na calada da noite, às
escondidas. Não há dúvidas de que esse problema que constitui uma infração
penal, reclamando uma atuação da polícia, especialmente a polícia ostensiva,
mais significativa, porque é um fato delituoso, é um crime que se pratica ao
danificar os prédios públicos, os monumentos.
O Projeto do Ver. Reginaldo Pujol vem nesse sentido, comunga com o interesse público, não há dúvida, mas há um pecado mortal no Projeto. Coloquei isso no Parecer que na Comissão de Constituição e Justiça lavrei a respeito da matéria. Lamentavelmente, o Projeto trata de matéria cuja competência é da alçada federal. Portanto, o Projeto é inconstitucional. O que devemos fazer então, nós, Vereadores, como o Ver. Reginaldo Pujol? Devemos reclamar dos nossos Deputados Federais. Devemos dizer a eles que também têm que cuidar da sorte das nossas comunidades, condenando, combatendo esses delinqüentes que danificam os monumentos, os muros, as paredes das nossas casas e que não sofrem qualquer tipo de repressão. É por aí que temos que caminhar. Exigir do Município que proceda de modo contrário ao que aqui se expõe, que dê ao Município habilitação para agir no sentido de reprimir, o Município cairá em águas para as quais não tem nadadeiras, porque a Constituição vai puxar o Município para baixo. Se o Município atendesse ao Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, no primeiro momento, estaria sendo argüída contra ele a inconstitucionalidade da providência. E, se inconstitucional, seria uma arbitrariedade, seria uma violência. Combater a violência, no sentido jurídico, contra a violência física praticada por aqueles que mal-usam o “spray”, isso, também, não podemos admitir. Algo precisa ser feito. Todo cidadão que mora em um edifício de condomínio sabe que, com muito sacrifício, os moradores conseguem repintar os imóveis, para depois, na primeira oportunidade noturna, aparecerem, no outro dia, as paredes pintadas por grafiteiros, sem qualquer responsabilidade, danificando completamente a pintura, que custou os “olhos da cara”, o “suor do rosto” daqueles que pertencem ao condomínio.
O
Projeto, quanto à finalidade, é maravilhoso, mas quanto à aplicação,
lamentavelmente, é inconstitucional. Nós temos que reclamar aos nossos
deputados federais para que criem lei a respeito; e da Polícia, para que
combatam esse tipo de crime de dano. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Visualmente verificamos que não há
quórum. Esta Sessão se encerraria normalmente às 18 horas e 1 minuto, não temos
nem como colocar o Requerimento para a continuidade da Sessão. Estão encerrados
os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h05min.)
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